Entrega de crânios de genocídio na Namíbia gera atritos na Alemanha
O ato de entregar à Namíbia 20 crânios de vítimas de um genocídio realizado pelo império alemão durante a guerra colonial no país despertou em Berlim indignação por parte da delegação namibiana diante da ausência de ministros alemães, informou neste sábado a imprensa local.
A delegação que chegou à Alemanha na segunda-feira retornará à Namíbia no próximo dia 3. Ela está liderada pelo titular da Juventude, do Esporte e da Cultura, Kazenambo Kazenambo, e integrada por outros ministros e membros do Executivo, assim como representantes das etnias herero e nama.
Na cerimônia de entrega dos crânios, o governo alemão esteve representado pela secretária de Estado do Ministério de Assuntos Exteriores, Cornelia Pieper, constantemente interrompida durante seu discurso pela delegação africana.
Segundo ela, a Alemanha "reconhece o duro legado histórico e a consequente responsabilidade moral e histórica" do genocídio ocorrido. Pieper pediu, "em nome do governo", reconciliação com o povo namibiano, enquanto alguns dos convidados africanos exigiam desculpas e compensações, de acordo com o veículo "Die Tageszeitung".
A delegação namibiana disse se sentir ignorada pelo governo alemão, e discutia a possibilidade de interromper sua visita e regressar, o que não ocorreu, segundo o jornal, porque alguns membros se recusaram a partir sem os crânios.
Os 20 crânios chegaram há mais de cem anos em Berlim para que cientistas alemães os usassem em pesquisas. O genocídio, realizado pelas forças coloniais entre 1904 e 1907 na então chamada África Alemã do Sudoeste --hoje Namíbia--, é considerado um precedente de outras limpezas étnicas.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis