Moderado, López Obrador disputa Presidência do México pela 2ª vez
Conhecido como "El Peje" --peixe de água doce difícil de pegar-- Andrés Manuel López Obrador, se lança pela segunda vez candidato da esquerda mexicana à Presidência, usando um discurso mais moderado com relação a 2006, quando perdeu por uma pequena margem.
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Segundo pesquisas de opinião, López Obrador busca tornar seu país em uma "república amorosa", enquanto seus detratores destacam que o novo discurso deste ex-prefeito da capital mexicana (2000-2005) tenta disfarçar suas 'inclinações populistas' e um caráter de 'confronto excessivo'.
Henry Romero/Reuters | ||
Andrés Manuel López Obrador, em discurso; ele disputa Presidência do México pela 2² vez |
Parte da fama de intransigente foi conquistada com mobilizações que paralisaram em 2006 a capital mexicana, quando perdeu para o conservador Felipe Calderón por apenas 0,56% dos votos. Agora, as pesquisas de opinião o situam em segundo, com 15 pontos de desvantagem em relação a Enrique Peña Nieto, do PRI (Partido Revolucionário Institucional), embora ele destaque ter suas próprias indicações que o colocam como ganhador.
BIOGRAFIA
Mais do que uma trajetória política, López Obrador construiu uma imagem lendária que, segundo Jorge Zepeda Patterson, autor da biografia sobre o candidato "La Revancha" (A Revanche), começou em 1977 quando foi escolhido para ficar à frente da luta dos indígenas de seu estado natal de Tabasco (leste).
Nascido em 13 de novembro de 1953 no município de Macuspana, foi o primogênito de sete filhos de um casal de comerciantes.
Aos 15 anos, pouco antes de se mudar para a capital para estudar Ciência Política na Universidade Nacional Autônoma do México, viveu uma experiência dramática quando seu irmão, brincando com uma arma, tirou a própria vida diante de seus olhos.
Em 1976, sob a tutela do poeta Carlos Pellicer, iniciou seu trabalho político no PRI, partido que abandonou junto com outros dirigentes para criar uma alternativa de esquerda como parte do grupo fundador do PRD (Partido da Revolução Democrática).
Ao lado da primeira esposa, Rocío Beltrán, com quem se casou em 1980, foi morar em uma área rural onde viveu em uma oca similar à dos indígenas.
Nestes anos, quando nasceu o primeiro de seus quatro filhos, tomou gosto por precorrer as cidades e fazer consultas com as pessoas. Também fundou uma emissora de rádio em língua indígena.
INÍCIO NA POLÍTICA
Na ocasião, começou a desenvolver sua capacidade de organizar e de mobilizar partidários. Em 1991, percorreu a pé os 748 km que separam Tabasco da capital para reivindicar a vitória eleitoral de seu partido em três municípios, e em 1995 liderou uma caravana de protesto contra o que, segundo ele, foi o 'roubo' do governo de Tabasco após a sua derrota nas eleições.
Pelo PRD, chegou em 2000 à prefeitura da capital, onde instaurou inovadores programas sociais de apoio a estudantes, idosos e mães solteiras. Sua administração também foi salpicada de denúncias de corrupção de funcionários próximos acusados de receber dinheiro de um empresário.
Ele fez importantes obras de infraestrutura, entre elas quilômetros de vias elevadas nas avenidas para solucionar o problema de tráfego.
Sua gestão teve um alto índice de aprovação, mas também suscitou críticas que o tachavam de populista e o comparavam com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
"Nunca falei com ele nem ao telefone", disse há pouco, descolando-se de Chávez.
Como prefeito, enfrentou um processo judicial por desacato, promovido pelo então governo de Vicente Fox, mas ao contrário do que esperavam seus detratores, sua popularidade subiu, ao ser visto como vítima da maquinação do poder federal.
Após a derrota eleitoral de 2006, o líder de esquerda se dedicou a percorrer o país novamente, povoado por povoado, para formar a Morena --organização civil à margem de seu partido-- com comitês municipais que buscam assegurar os votos que o agora candidato precisaria para conquistar a Presidência.
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