Presidente do Congo e líder rebelde se reunirão no sábado em Uganda
O presidente da República Democrática do Congo, Joseph Kabila, e o líder do movimento rebelde M23, Jean Marie Runiga, se reunirão no sábado, em Campala, na Uganda, para tentar encontrar uma solução para a crise no leste do país.
"O presidente Runiga vai se encontrar amanhã com Joseph Kabila no marco da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos sob a mediação do chefe de Estado de Uganda, Yoweri Museveni", disse o porta-voz do M23, Amani Kabasha.
Segundo a fonte, o presidente ugandense entrou em contato ontem com Runiga para pedir que viajasse a Campala para a reunião.
"Nós sempre estivemos a favor da negociação com todo mundo. Foi o governo de Kinshasa que se negou. E agora as pessoas tendem a nos dar a razão que é preciso negociar", ressaltou Kabasha, apontando que as negociações deveriam acontecer também com a oposição congolesa e a sociedade civil.
A reunião de sábado entre o governo da República Democrática do Congo e o movimento rebelde M23 acontece depois que o grupo insurgente, criado no último mês de abril, intensificou sua ofensiva e tomou na terça-feira passada o controle da cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, no leste do país.
Enquanto isso, os insurgentes seguem confrontando as Forças Armadas da República Democrática do Congo pelo controle da cidade de Sake, a cerca de 30 km de Goma, que foi tomada na quarta-feira passada pelo M23, mas que foi recuperada na quinta-feira pelo Exército congolês.
Esses enfrentamentos deixaram ontem pelo menos quatro mortos e estão causando o deslocamento forçado de milhares de residentes de Sake.
HISTÓRIA VIOLENTA
Por sua parte, segundo o porta-voz do M23, a cidade de Goma está começando a recuperar a normalidade três dias após ser tomada pelos rebeldes, com as lojas abrindo suas portas e os veículos voltando às estradas.
Pelo menos 30 mil pessoas se viram forçadas a abandonar seus lares na área de Kanyaruchinya, em Kivu do Norte, devido à ofensiva dos rebeldes.
O M23 é formado por soldados congoleses amotinados e supostamente fiéis ao rebelde Bosco Ntaganda, procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade.
Os rebeldes, que nos últimos dias intensificaram sua ofensiva, se sublevaram em abril para protestar pela perda de poder que o Executivo de Kinshasa tinha imposto a seu líder, e reivindicam novas negociações com o governo.
O país está imerso ainda em um frágil processo de paz após a segunda guerra do Congo (1998-2003), que envolveu vários países africanos, e tem desdobrada a maior missão de paz da ONU.
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