Jornalistas são detidos e viram alvo de censura
A perseguição do Exército a membros da Irmandade Muçulmana tem incluído, no Egito, a censura à imprensa considerada favorável ao presidente deposto.
Desde o golpe militar que retirou Mohammed Mursi do poder, jornalistas têm sido detidos e impedidos de realizar seu trabalho. Veículos, incluindo a franquia local da Al Jazeera, acusam o Exército de ter fechado seus escritórios e confiscado equipamentos.
Autoridades da Irmandade Muçulmana ouvidas pela reportagem afirmam que os meios de comunicação foram punidos por terem transmitido imagens diretamente da mesquita de Rabia al-Adawiya, onde os simpatizantes de Mursi se concentram.
Só permaneciam ali ontem, segundo a organização, emissoras com satélites internacionais --a exemplo de outras franquias da Al Jazeera, gigante do mundo árabe, com sede no Qatar.
Entre os canais afetados estão os islamitas Al-Nas e Al-Hafiz, além do canal egípcio 25. A organização Repórteres sem Fronteiras, com sede na França, se disse alarmada.
"Inaugurar uma nova era supostamente democrática com tal ato de censura é perturbador", afirmou em nota.
"É preocupante que isso ocorra enquanto o governo proclama sua intenção de ser inclusivo", disse à Folha Sherif Mansur, do Comitê de Proteção a Jornalistas, de Nova York. "Não é positivo negar uma voz à Irmandade Muçulmana."
A Folha conversou com Abdul Aziz Mujahidin, repórter da Al Jazeera. Ele afirma ter sido detido na quarta-feira e liberado no mesmo dia. Participava, ontem, de uma manifestação pró-Mursi.
"A polícia entrou e tomou nosso equipamento", conta. "Quando nos libertaram, disseram que estamos proibidos de trabalhar."
"É a mesma censura do regime de Hosni Mubarak", diz a ativista Maha Abu Ellez, referindo-se ao ex-ditador deposto em 2011.
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