Análise: Cancelar viagem aos EUA só traz benefícios a Dilma
Nunca houve uma decisão tão fácil para a presidente Dilma Rousseff. Difícil é saber como ela deixa de ganhar ao cancelar (ou adiar, segundo o eufemismo de Planalto e Casa Branca) a visita de Estado aos EUA.
Certamente a presidente apanhará da oposição e talvez de um ou outro setor econômico para quem essa visita tivesse sua importância.
O prejuízo para a vida real, porém, é diminuto.
Não se esperava dessa visita nenhum grande anúncio de investimento, acordo tarifário ou cooperação bilateral que fizesse diferença efetiva.
Muito menos apoio explícito à almejada vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Visitas de Estado são gestos políticos, que têm sua importância certamente, mas cujo cancelamento não atrapalha em nada o curso normal das coisas.
Nem Dilma tem interesse em transformar o Brasil numa grande Venezuela, nem Obama ganharia algo alienando um país para quem o Departamento de Estado acostumou-se a terceirizar grande parte de sua diplomacia no hemisfério.
A vida segue.
Fato é que a visita ficaria realmente esquisita após tudo que foi revelado pelo material vazado pelo ex-agente Edward Snowden. A palavra a defini-la seria hipocrisia.
Talvez mais importante, nunca se ouviu falar de líder latino-americano que perdesse pontos políticos internamente ao peitar os ianques.
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