Começa julgamento de acusados pela morte de ex-premiê libanês
Foi iniciado nesta quinta-feira, em Haia, o Tribunal Especial para o Líbano, em que serão julgados os acusados pelo assassinato do ex-premiê libanês Rafiq Hariri, morto em 2005.
A Corte, apoiada pelas Nações Unidas, irá julgar quatro membros da organização xiita Hizbullah pelo envolvimento no assassinato que culminou na saída de tropas sírias do Líbano. Eles não estão detidos e serão, portanto, julgados em sua ausência.
Sharif Karim/Reuters | ||
Fotos do ex-premiê libanês Rafiq Hariri em seu túmulo em Beirute, no Líbano |
Nas primeiras horas de julgamento, a Promotoria mostrou imagens de Beirute devastada após o ataque ao comboio de Hariri, em que outras 21 pessoas morreram.
Os suspeitos por esse ato irão responder a nove acusações incluindo conspiração para ato terrorista, homicídio e tentativa de homicídio.
Uma delegação de vítimas e familiares compareceu ao julgamento, incluindo o ex-premiê Saad Hariri, filho de Rafiq. Ele afirmou que o tribunal é um evento histórico "que abre uma nova página para a Justiça no Líbano".
O julgamento, porém, ocorre em meio a um período conturbado no país. Nas últimas semanas, diversos atentados a bomba aterrorizaram a população local, incluindo a explosão que vitimou a brasileira Malak Zahwe, no início deste mês.
Nesta quinta, pela manhã, no mesmo dia da abertura do julgamento, ao menos três foram mortos em um atentado realizado em Hermel, bastião do Hizbullah no vale do Bekaa. De acordo com a agência estatal libanesa, 26 foram feridos nesse ataque.
O Hizbullah enfrenta forte oposição interna, em especial depois de ter enviado seus guerreiros para além da fronteira, para defender o ditador sírio Bashar al-Assad. A facção, xiita, é desafeto dos setores sunitas da população libanesa, assim como da insurgência na Síria.
O conflito civil sírio foi iniciado em março de 2011, e já morreram ali mais de 100 mil pessoas, nas estimativas mais recentes da ONU -que deixou de atualizar a cifra.
A possível queda do regime de Assad preocupa o Hizbullah, já que o país vizinho é, além de um aliado regional, caminho para a passagem de armamentos do Irã.
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