Presidente e grupo xiita entram em acordo para resolver crise no Iêmen
O presidente do Iêmen Abed Rabbo Mansour Hadi e o grupo xiita Houthi entraram em um acordo nesta quarta-feira (21 para encerrar a onda de violência iniciada na segunda em Sanaa, capital do país.
A agência de notícias estatal do Iêmen SABA informou que as partes acordaram em interromper a violência e que os houthis concordaram em desocupar o palácio presidencial, invadido na terça, bem como deixar de atacar a casa do presidente.
O acordo prevê ainda que o grupo xiita liberte um assistente de Hadi sequestrado nos últimos dias.
A SABA indicou que o acordo também inclui uma cláusula que atende às demandas dos rebeldes em relação a emendar a constituição do país, além de aumentar, com um prazo de uma semana, a representação dos houthis no parlamento e em instituições estatais.
Segundo uma fonte oficial, as negociações que levaram ao acordo ocorreram na casa do presidente, que estava cercada pelos houthis desde terça. Caso o pacto seja cumprido, será resolvida a crise política que estava levando o Iêmen a um eventual conflito armado.
No passado, porém, o presidente iemenita já anunciou acordos com os houthis que foram posteriormente desmentidos pelo grupo xiita.
Khaled Abdullah/Reuters | ||
Combatentes houthi patrulham ruas de Sanaa; grupo e presidente entram em acordo para resolver crise |
Os enfrentamentos entre os milicianos e as forças de segurança iemenitas já deixaram 35 mortos, incluindo quatro civis, e 94 feridos.
A onda de violência na capital -a mais forte nos últimos quatro meses- se deve à recusa dos houthis a um novo projeto de Constituição que, dividindo o país em seis zonas, lhes privaria de acesso ao mar.
Os houthis, também conhecidos como Ansar Alá ("Seguidores de Alá" em português), são originários do norte do Iêmen e há meses tentam estender sua influência no país. O grupo tomou controle de uma grande parte de Sanaa em 21 de setembro.
O Iêmen, país mais pobre do Oriente Médio, vive instabilidade política e, sob esse contexto, fica também atraente para células terroristas.
A Al Qaeda, por exemplo, tem no país seu bastião. Os autores do recente atentado ao jornal francês "Charlie Hebdo", Chérif e Said Kouachi, alegaram pertencer ao braço da organização na região, a Al Qaeda na Península Arábica (Aqap)e teriam recebido treinamento militar em terras iemenitas.
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