Opositor de Putin é assassinado na Rússia
Foi assassinado na noite desta sexta-feira (27) no centro de Moscou Boris Nemtsov, 55, um dos principais opositores do presidente da Rússia, Vladimir Putin.
A morte aumentou a preocupação dos adversários do líder russo que, nos últimos meses, enfrentam o acirramento do nacionalismo e da repressão contra protestos.
Segundo o Ministério do Interior, o opositor foi baleado quatro vezes nas costas enquanto caminhava por uma ponte perto do Kremlin, sede do governo, com uma jovem mulher ucraniana.
A polícia ainda busca suspeitos e não sabe o motivo do assassinato. Nos últimos meses, Nemtsov vinha trabalhando em um documento para tentar provar a participação russa no conflito entre o Exército e separatistas no leste da Ucrânia.
Moscou nega qualquer interferência nos confrontos, apesar de a Otan e a Ucrânia terem denunciado diversas vezes a entrada de tropas e armas russas no país vizinho.
Além do relatório, Nemtsov também era um dos organizadores de um protesto contra o conflito ucraniano, que seria realizado no domingo (1º). A manifestação será substituída por uma homenagem ao opositor.
Horas antes de sua morte, ele disse em entrevista a uma rádio que era difícil viver sob constante intimidação e pressão do governo russo.
"Há mentiras espalhadas por toda a parte e temos que ser muito fortes para suportar tudo isso. Eu sei disso por experiência própria."
Nemtsov foi vice-primeiro-ministro durante a gestão de Boris Ieltsin (1991-99). Antes, ficou conhecido pelas reformas econômicas em Nijni Novgorod, no oeste do país.
Após se desentender com Putin, que sucedeu Ieltsin, passou para a oposição e fundou organizações e partidos.
Em maio de 2012, Nemtsov foi um dos 120 presos por protestar na posse de Putin. Quatro meses depois, foi um dos organizadores de ato contra o governo que levou 10 mil pessoas às ruas de Moscou.
REAÇÕES
Minutos após o anúncio do assassinato, o governo Putin condenou a ação e levantou a hipótese de que o crime tenha sido encomendado, sem, no entanto, dizer por quem. "É cedo para tirar conclusões sobre a morte, mas já se pode dizer com uma certeza de 100% que foi uma provocação", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O presidente dos EUA, Barack Obama, que se encontrou com Nemtsov em 2009, pediu investigação rápida e imparcial."O povo russo perdeu um dos mais dedicados e eloquentes defensores de seus direitos."
Para o mandatário ucraniano, Petro Poroshenko, a morte não foi por acaso. "Nemtsov era uma ponte entre Ucrânia e Rússia e essa ponte foi destruída."
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