Estado Islâmico toma controle de cidade estratégica no Iraque
Depois de uma sequência de ataques contra militares e civis, a facção radical Estado Islâmico (EI) anunciou neste domingo (17) ter tomado o controle de Ramadi, capital da maior província do Iraque, Anbar, e que fica a apenas 110 km de Bagdá.
Segundo o jornal "The New York Times", a perda da cidade foi admitida pelo porta-voz do governo da província, Muhannad Haimour. Se confirmada, trata-se de uma das maiores vitórias militares do EI neste ano.
O governo americano afirmou, porém, que ainda é cedo para dizer se a cidade foi tomada pelos terroristas. "Os EUA vão continuar monitorando os relatos da dura luta em Ramadi. A situação continua fluida e sob disputa", afirmou a porta-voz Maureen Schumann, do Departamento de Defesa dos EUA.
Durante sua ofensiva em Ramadi, o Estado Islâmico saqueou um quartel-general do Exército –tomando conta de um grande depósito de armas–, explodiu carros-bomba contra policiais e executou apoiadores do governo iraquiano, segundo fontes ouvidas pelo "NYT".
Nas contas do porta-voz Haimour, nos últimos dois dias ao menos 500 civis foram mortos pelos ataques do EI no entorno de Ramadi, cuja população é de aproximadamente 700 mil pessoas.
"Corpos de homens, mulheres, crianças e soldados estão esparramados no chão", disse Sheikh Rafe al-Fahdawi, líder de uma tribo local que luta contra o EI.
"Todas as forças de segurança e líderes de tribos se retiraram ou foram mortos em batalha. É uma grande perda", completou.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, determinou que os soldados iraquianos mantenham suas posições, mas os relatos dão conta de que a maior parte deles já fugiu.
Sob a ordem de Abadi, milícias xiitas agora se preparam para tentar resgatar o controle da cidade. Há receio, porém, de que a presença dos paramilitares reavive conflitos internos na região, que é de maioria sunita.
A coalizão liderada pelos EUA afirmou ter lançado sete ataques aéreos sobre a cidade entre sábado (16) e domingo (17), mas não há informações sobre a eficácia da operação.
RETIRADA
Editoria de Arte/Folhapress |
Um oficial do Exército disse à BBC que a maior parte das tropas iraquianas fugiu para uma base militar na cidade de Khalidiya, a leste de Ramadi, após vários ataques aos militares.
Durante este domingo, segundo relatos, quatro bombardeios simultâneos atingiram policiais que defendiam o distrito de Malaab, no sul da cidade, matando dez soldados e ferindo 15. Entre os mortos está o coronel Muthana al-Jabri, chefe da delegacia do bairro.
Mais tarde, três carros-bomba explodiram perto do quartel-general da cidade, matando cinco soldados e ferindo outros 12.
Segundo a fonte ouvida pela rede de TV britânica, os oficiais iraquianos estariam ficando sem munição e não tinham condições de resistir aos ataques dos terroristas. Alguns militares, disse, ainda estão encurralados pelos extremistas no centro de comando de Ramadi.
A província de Anbar, onde fica Ramadi, vem sendo foco de disputas sangrentas entre as forças iraquianas e as do Estado Islâmico. Estima-se que até 65% da província esteja sendo controlada pela milícia.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis