Obesidade pode gerar gasto extra de US$ 1,1 trilhão aos EUA, diz estudo
A obesidade se transformou em um desafio para os Estados Unidos nas últimas décadas. O percentual de adultos obesos entre os norte-americanos chega a 34,9% atualmente (78,6 milhões), contra cerca de 10% nos anos 1990, de acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças. Entre os jovens, o percentual subiu de 5% para 17% no período.
Agora, um estudo do Brookings Institute, em Washington, estimou o custo econômico do problema.
De acordo com o relatório, se os 12,7 milhões de crianças e adolescentes obesos nos EUA hoje se transformarem em adultos acima do peso, podem gerar gastos extras de mais de US$ 1,1 trilhão (R$ 3,3 trilhões) ao longo da vida. O número representa 6,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
"E essa é só a ponta do iceberg", afirma Matt Kasman, o pesquisador do Brookings responsável pelo estudo.
Para chegar a esse número, ele desenvolveu um modelo que projeta os custos ao longo da vida para dois grupos de pessoas entre 20 e 24 anos, um obeso e o outro com Índice de Massa Corporal considerado normal. O resultado mostra que os custos de adultos obesos são maiores em US$ 92.235 (R$ 276.705).
Kasman multiplicou, então, os gastos extras pelo número de jovens obesos nos EUA.
"Estimamos neste estudo coisas que as pessoas não consideram normalmente, como a perda de produtividade de pessoas obesas, faltas no trabalho e aposentadoria por invalidez", diz o pesquisador.
"Esse é um problema bastante grande nos Estados Unidos. Os números vêm aumentando nas últimas três décadas, entre adultos e adolescentes. Queremos motivar mais ações para lidar com isso no país."
E os problemas da obesidade vão, além do mercado de trabalho, segundo o diretor do Centro Redstone da Universidade George Washington, William Dietz. Os "custos sociais" do problema, entre os quais os índices menores de casamento e de aprovação em universidade, são "ainda mais dolorosos", disse em debate para tratar do estudo, em Washington.
O assunto tem atenção especial do governo americano. Em 2010, a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, lançou uma campanha intitulada "Let's Move" (Vamos nos Mexer), cujo objetivo é combater a obesidade infantil com informações para pais e crianças.
Em um esforço conjunto, o governo lançou também uma força-tarefa para revisar as políticas de nutrição infantil e atividade física.
Para Dietz, números recentes demonstram que há razões para otimismo, ainda que moderado: alguns estudos apontam que o índice de obesos entre crianças de até 5 anos está caindo, enquanto outros mostram uma estagnação no número de adultos com o problema.
"Os números são encorajadores. Os Estados Unidos, porém, ainda não viraram a página da obesidade", disse.
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