Partido governista perde maioria no Parlamento da Turquia
O resultado da eleição parlamentar da Turquia deste domingo (7) mostrou que o partido governista Justiça e Desenvolvimento (AK) perdeu a maioria no Parlamento pela primeira vez em 12 anos. O resultado é uma derrota do presidente Recep Tayyip Erdogan, que pretendia mudar a Constituição para aumentar seus poderes.
Os resultados, embora dentro do previsto nas pesquisas, criam incerteza na formação do novo governo, já que o islamita AK terá que negociar com outras siglas.
O número de cadeiras do partido cai dos atuais 311 para 254. É a menor quantidade de deputados da sigla desde que Erdogan se tornou primeiro-ministro, em 2003 -ele havia fundado a agremiação dois anos antes.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
O premiê Ahmet Davutoglu (que substituiu Erdogan em 2014) reconheceu a perda da maioria, mas destacou que seu partido foi o mais votado. "Todos devem reconhecer que o AK ganhou estas eleições e é o número um", afirmou em discurso.
Davutoglu não explicou se vai buscar uma coalizão com outros partidos para formar uma maioria no Parlamento de 550 deputados.
Terceiro colocado na disputa, o partido nacionalista MH é considerado o parceiro mais provável para uma coalizão com o AK.
Oktay Vural, porta-voz do partido, disse que ainda é cedo para um acordo, mas não descartou a negociação. "É correto que nosso comando considere a possibilidade de uma coalizão", afirmou para a agência Reuters.
Segundo a agência, membros do AK são contra um acordo e preferem formar um governo de minoria.
He Canling/Xinhua | ||
Propaganda do Partido Republicano do Povo em rua de Istambul, na semana passada |
Caso não exista um acordo em até 45 dias, novas eleições devem ser convocadas.
Já Murat Karayalçun, líder em Istambul do social-democrata CH (que ficou em segundo lugar), disse ao jornal local "Hurriyet" que seu partido, e não o AK, deveria liderar a formação do governo.
MUDANÇAS
O principal tema de campanha foi a proposta de Erdogan de mudar o sistema de governo do parlamentarismo para o presidencialismo -atualmente, seu cargo é essencialmente simbólico, e as principais decisões ficam com o premiê. É preciso aval de 3/5 do Parlamento para chamar um referendo que mude a Constituição.
A oposição também acusou Erdogan de autoritarismo e censura -seu governo prendeu jornalistas e chegou a bloquear o acesso ao Twitter e ao YouTube no país. Ele sempre negou as acusações.
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