Na liderança à Casa Rosada, candidato opositor faz aceno a Dilma Rousseff
Em plena campanha eleitoral, o candidato da oposição à Presidência da Argentina, Mauricio Macri, parece buscar a simpatia até dos vizinhos –e não votantes– do lado brasileiro da fronteira.
"Para Dilma será mais fácil entrar em acordo comigo do que com Cristina", disse à imprensa estrangeira nesta terça-feira (10).
O candidato representaria uma mudança em relação à política de Cristina Kirchner, mais simpática ao PT de Dilma Rousseff e de outros governos de esquerda da região.
Apesar dessa imagem, Macri disse aos jornalistas que, se eleito, manterá "as melhores relações com a atual presidente do Brasil" e que espera que os políticos do país superem a atual crise muito rapidamente. "Quanto melhor estiver o Brasil, melhor para a Argentina."
Macri lidera a disputa neste segundo turno –está oito pontos à frente do candidato da situação, Daniel Scioli.
Falando de política externa, Macri disse que o Mercosul está "congelado no tempo" e que, com ele no comando da Argentina, será possível aumentar o fluxo comercial entre Brasil e Argentina.
Eitan Abramocivh - 7.nov.2015/AFP | ||
O candidato oposicionista à Casa Rosada na eleição do próximo dia 22, Mauricio Macri |
"No Mercosul, vamos poder comercializar mais livremente. Hoje, há todo tipo de restrições. Vivemos um paradoxo. Enquanto todo o mundo está se aproximando, o Mercosul está retrocedendo."
Embora diga que pretende manter boas relações com os vizinhos, fez críticas à chamada esquerda bolivariana.
"Vemos com muita preocupação e seguimos de perto o que acontece na Venezuela."
Ele disse que, se o país de Nicolás Maduro não liberar os políticos presos, ele defenderá que o Mercosul acione a cláusula democrática para pressionar a Venezuela a se adequar às regras do bloco, que tem como um de seus princípios a liderança de governos democráticos.
"O que acontece com Leopoldo López, com Antonio Ledezma e com muitos outros não tem relação com um governo democrático."
Sobre a Bolívia, Macri se diz contra "re-re-reeleições", fazendo referência à tentativa de Evo Morales de alterar a Constituição para tentar o quarto mandato consecutivo.
Apesar de aparentemente estar mais à direita do que os líderes sul-americanos, Macri rejeita a classificação de conservador.
Mostrou ressalvas à legalização das drogas e do aborto, mas disse que sua política em defesa do ambiente e de interação com o cidadão em Buenos Aires (onde governa) o distanciam de um espectro político à direita.
"Nossa ideologia é resolver, é fazer. É construir coisas concretas ao redor das ideias de progresso que todos temos, de um desenvolvimentismo moderno do século 21."
Seu chefe de campanha, Marcos Peña, foi enfático ao falar sobre a imagem de neoliberal que os peronistas tentam lhe atribuir. "Se há alguém nesse segundo turno que tem uma política conservadora em sua essência é Scioli. Nós temos uma agenda de transformação social permanente, o que não existe na província de Buenos Aires [governada por Scioli]."
Macri aposta numa terceira via e na imagem de uma "nova política" para conquistar eleitores. "Não acredito que o futuro da Argentina esteja nas receitas do passado, nem no neoliberalismo, nem no governo estatista-populista [dos Kirchner]. Queremos a linha do meio, de resolver o problema das pessoas dizendo a verdade e fortalecendo as instituições."
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