Brics lideram fluxo internacional de dinheiro ilegal, diz estudo
Xie Huanchi/ - 9.jul.2015/Xinhua |
Os presidentes Dilma Rousseff e Vladimir Putin no encontro dos Brics em Ufá, na Rússia, em julho |
Países em desenvolvimento e emergentes movimentaram US$ 7,8 trilhões de origem ilícita entre 2004 e 2013, e o Brasil foi a sexta nação que mais contribuiu com o fluxo.
O levantamento foi tornado público nesta terça-feira (8) pelo Global Financial Integrity (GFI), centro de pesquisas dos EUA.
O Brasil movimentou, em média, US$ 22,67 bilhões ilegais por ano, segundo a estimativa do GFI. Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão entre os sete principais emissores de recursos ilícitos, ao lado da Malásia (veja lista completa abaixo).
A China teve o maior montante registrado, US$ 139,23 bilhões anuais, seguida da Rússia, com US$ 104,98 bilhões.
O levantamento indica que o montante aumentou ao longo da década estudada. Em 2003, o fluxo ilícito total foi de US$ 456,3 bilhões. Em 2013, subiu para US$ 1,1 trilhão.
Os fluxos financeiros ilícitos são, na definição do GFI, "a movimentação de um país a outro de dinheiro ou capital ganho, transferido e/ou utilizado".
Como exemplo, o centro cita cartéis de drogas que usam dinheiro oriundo de esquema de lavagem, sonegação fiscal e esquemas de organizações terroristas.
PREJUÍZOS
"O estudo indica que, claramente, os fluxos financeiros ilícitos são o problema mais grave a prejudicar as economias emergentes e em desenvolvimento", afirmou o presidente do instituo, Raymond Baker.
Na média, a movimentação corresponde a 4% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países em desenvolvimento. Mas, em algumas regiões, a parcela é superior.
Na África subsaariana, o montante representa 6,1%; em países europeus em desenvolvimento, 5,9%.
Em sete dos dez anos de estudo, o fluxo financeiro ilegal superou o investimento internacional total em países pobres.
O GFI observa que, apesar de os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, incluírem a redução do fluxo de recursos ilícitos, a comunidade internacional ainda não chegou a um acordo quanto aos indicadores
para medir eventuais progressos e retrocessos.
Os indicadores não estarão em uso antes de março de 2016, e o centro defende que o FMI (Fundo Monetário Internacional) conduza as medições.
O GFI recomenda, entre outras, medidas de ampliação da transparência dos governos e controle mais rígido dos bancos sobre os verdadeiros beneficiários de contas abertas.
RANKING
Veja abaixo a lista das 20 economias em desenvolvimento que mais contribuíram para o fluxo de recursos ilícitos entre 2004 e 2013 e montante total exportado pelo país no período, segundo o Global Financial Integrity.
1. China - US$ 1,39 trilhão
2. Rússia - US$ 1,05 trilhão
3. México - US$ 528,44 bilhões
4. Índia - US$ 510,29 bilhões
5. Malásia - US$ 418,54 bilhões
6. Brasil - US$ 226,67 bilhões
7. África do Sul - US$ 209,22 bilhões
8. Tailândia - US$ 191,77 bilhões
9. Indonésia - US$ 180,71 bilhões
10. Nigéria - US$ 178,04 bilhões
11. Cazaquistão - US$ 167,4 bilhões
12. Turquia - US$ 154,5 bilhões
13. Venezuela - US$ 123,94 bilhões
14. Ucrânia- US$ 116,76 bilhões
15. Costa Rica - US$ 113,46 bilhões
16. Iraque - US$ 105,01 bilhões
17. Azerbaijão - US$ 95 bilhões
18. Vietnã - US$ 92,94 bilhões
19. Filipinas - US$ 90,25 bilhões
20. Polônia - US$ 90,02 bilhões
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis