Mais votado na Espanha, partido do governo fica longe da maioria
A Espanha elegeu no domingo (20) um Parlamento em que o PP (Partido Popular, conservador) recebeu o maior número de assentos, mas permaneceu bastante distante da maioria absoluta. O resultado corresponde a 99,5% dos votos computados.
Não está claro quem irá governar. O posto de premiê –hoje ocupado por Mariano Rajoy, do PP– será decidido após negociações entre os partidos, nos próximos dias. Em todo o caso, parece se desenhar um governo frágil para o país, acostumado há décadas ao bipartidarismo.
O PP terá 123 cadeiras. Seriam necessárias, porém, 176 para formar um governo. Em 2011, esse mesmo partido havia recebido 186 cadeiras.
O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol, de centro-esquerda) ficou em segundo lugar no pleito, com 90 assentos –o pior resultado na história do partido, o que será um forte golpe em seu líder, Pedro Sánchez.
O terceiro colocado foi o Podemos, de esquerda, com 42 assentos, ou 69, se somados os seus partidos parceiros. Por último, está o Cidadãos, de centro-direita, com 40 cadeiras, um desempenho bastante pior do que o previsto.
Xinhua | ||
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy (PP), vota nas eleições gerais em seção eleitoral de Madri |
Os números de assentos não correspondem exatamente às porcentagens de votos recebidos, porque a matemática eleitoral espanhola distorce os resultados. As províncias têm diferentes pesos, de acordo com território e número de eleitores.
O pleito teve comparecimento de 74,9%. Em pontos de votação visitados pela reportagem, havia grande mobilização durante todo o dia. As urnas foram fechadas às 20h locais (17h, em Brasília).
Esse pleito foi vivido, na Espanha, com ares de um momento histórico. Era presente ali a ideia de que o país passa por uma importante mudança política, deixando para trás o bipartidarismo das últimas décadas.
Com isso, os partidos PP e PSOE perderam sua hegemonia no Parlamento, deixando que se sentem também os novatos Podemos e Cidadãos –surgidos a partir da crise econômica e do desgaste político vivido há anos no país.
A partir da segunda-feira (21), o premiê Mariano Rajoy exercerá suas funções em caráter temporário, com pouca margem para decisões políticas até a investidura do próximo governante espanhol.
Não há um calendário exato para esse período. O rei Felipe deve reunir-se com os candidatos que tenham conquistado cadeiras no Parlamento para propor um nome para formar o governo.
Em um quebra-cabeça complicado pela presença de mais atores políticos do que o costume na Espanha, e interrompido pelas festividades de fim de ano, todo o processo pode demorar semanas.
IMPASSE
Antes das eleições se supunha que o PP pudesse unir-se ao Cidadãos para formar um governo. Com os resultados, porém, os assentos de ambos não somariam os 176 necessários. Tampouco PSOE e Podemos conseguiriam a maioria, caso unidos.
Nessa equação, podem ser fundamentais os pequenos partidos de esquerda, que poderiam somar seus assentos àqueles do PSOE e do Podemos. Outra opção é um governo de minoria liderado pelo PP, mas com alta probabilidade de serem necessárias eleições antecipadas.
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