Hillary consolida vantagem, mas deve encarar longa disputa até candidatura
Hillary Clinton dominou as prévias do Partido Democrata nesta terça-feira (15), consolidando suas chances de ser a candidata da legenda nas eleições de novembro.
Dos cinco Estados onde houve disputa (Carolina do Norte, Flórida, Illinois, Missouri e Ohio), a maior vitória foi na Flórida, onde derrotou o rival Bernie Sanders com mais de 30 pontos de diferença, repetindo o bom desempenho que teve em outros Estados do sul anteriormente.
Joe Raedle -15.mar.2016/AFP | ||
Pré-candidata democrata Hillary Clinton fala a partidários em centro de convenção em Miami |
Mas o triunfo mais significativo foi em Ohio (Meio Oeste), onde Sanders esperava repetir a surpreendente vitória no Estado de Michigan.
Em discurso após a divulgação dos primeiros resultados, Hillary mostrou que está de olho nas eleições de novembro. Praticamente sem menções a Sanders, fez várias alusões críticas ao líder da corrida presidencial republicana, Donald Trump.
"Nosso comandante-em-chefe tem de defender o país, não nos constranger", disse em West Palm Beach, na Flórida. "Nosso próximo presidente tem de ser capaz de três coisas: fazer diferenças positivas nas vidas das pessoas, nos manter seguros e unir o país novamente".
CAMINHO LONGO
Preferida da cúpula do partido e vitoriosa até agora nas urnas, a ex-primeira-dama mantém o favoritismo, mas o caminho promete ser mais longo do que ela previa.
O desempenho de Sanders vem dificultando que ela obtenha a candidatura de forma antecipada e confirma a resistência do eleitorado mais jovem em relação a seu nome.
Uma disputa prolongada significa desgaste adicional para Hillary e maior exposição de seus pontos fracos, principalmente a confiabilidade.
Além disso, o popular discurso de Sanders contra a desigualdade econômica moveu o eixo de sua campanha para a esquerda, aumentando a polarização com os republicanos em novembro.
Para o comentarista político Jeff Greenfield, o desempenho de Sanders deixa expostas as principais vulnerabilidades de Hillary: o deficit de confiança, o fato de personificar o sistema político —numa campanha marcada pela revolta antiestablishment— e a associação com o passado, não o futuro.
"A principal questão é se todos esses fatores vão ameaçar seriamente suas chances em novembro, mesmo com o Partido Republicano nas mãos de Trump", escreveu Greenfield no site "Politico".
Antes das prévias desta terça, Hillary já tinha mais de metade dos 2.383 votos necessários, incluindo a maioria dos "superdelegados", líderes do partido que podem votar de forma independente.
Delegados, por sua vez, são os membros que indicarão o candidato na convenção de julho. Nas disputas de terça, ela somou ao menos mais 500.
Para Hillary, o fato de ser parte do "establishment" é ao mesmo tempo maldição e bênção. Por um lado, afasta o eleitorado insatisfeito com a atuação dos políticos. Por outro, ela se beneficia com o apoio da elite partidária e com o sistema da disputa democrata, de voto proporcional.
Isso praticamente assegura a candidatura de Hillary. "Mesmo que a campanha dure meses, o sistema funciona da forma planejada, apesar dos sobressaltos", escreveu o analista Paul Waldman no "Washington Post".
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