Bélgica captura principal fugitivo dos ataques em Paris
Associated Press | ||
Salah Abdeslam, em foto de data desconhecida |
Depois de quatro meses de uma caçada policial, Salah Abdeslam, 26, um dos principais organizadores dos ataques terroristas em Paris em novembro, foi preso nesta sexta-feira (18) em uma grande operação em Bruxelas, capital da Bélgica. Durante a noite, as autoridades belgas se preparavam para interrogá-lo.
A informação foi confirmada pelo premiê belga, Charles Michel. "Foi um sucesso na luta contra o terrorismo", afirmou. Segundo a Procuradoria de Bruxelas, outras quatro pessoas foram detidas, das quais três davam proteção a Abdeslam. O presidente dos EUA, Barack Obama, parabenizou Michel pelo telefone, e a Casa Branca informou que está ajudando autoridades belgas e francesas a aumentar a segurança em seus países.
Michel e o presidente francês, François Hollande, saíram da cúpula da União Europeia sobre refugiados que ocorria na cidade e foram acompanhar os desdobramentos da operação.
Hollande disse que os procuradores da França farão um pedido urgente de extradição de Abdeslam e que confia na rápida liberação por parte da Bélgica. "Tenho um pensamento especial às vítimas dos ataques, pois Salah Abdeslam estava diretamente conectado com a preparação, organização e execução desses atos." A série de atentados em Paris deixou 130 mortos.
Abdeslam foi baleado na perna durante o tiroteio em um apartamento de Molenbeek, bairro de Bruxelas onde foi feito o planejamento dos atentados. Testemunhas ouviram explosões durante a ação.
A operação começou pouco depois de promotores belgas confirmarem que as impressões digitais colhidas em outro apartamento durante uma ação policial na terça (15) eram de Abdeslam. Ele teria conseguido fugir do cerco que terminou com um morto, identificado como Mohamed Belkaid, também apontado como um dos participantes dos ataques de novembro.
Abdeslam é o único ainda vivo entre os dez envolvidos diretamente na organização e execução dos ataques a Paris -todos os outros morreram como suicidas ou perseguidos pela polícia. No entanto, Hollande afirmou que há mais pessoas ligadas aos atentados, e as operações continuarão na França, Bélgica e outros países europeus.
Reuters | ||
Polícia belga faz segurança de área ao chegar em Molenbeeck, bairro de Bruxelas |
O papel de Abdeslam na ação terrorista foi logístico: ele dirigiu o carro que levou três terroristas até a entrada do Stade de France, onde eles se explodiram enquanto jogavam as seleções da França e Alemanha.
HISTÓRICO DE CRIMES
De origem marroquina, mas nascido e criado na Bélgica com dupla cidadania francesa, Abdeslam vinha sendo procurado desde que conseguiu fugir de carro de volta para território belga. Na manhã seguinte aos ataques, chegou a ser parado por um bloqueio policial na estrada em Cambrai, perto da fronteira com a Bélgica, mas foi liberado.
Abdeslam teria ainda escapado da polícia belga dois dias depois dos ataques porque os agentes tiveram de respeitar uma lei local que os proibia de fazer operações em residências depois das 21h.
Em 2010, ele já havia sido preso por assalto à mão armada, junto com Abdelhamid Abaaoud, que viria a ser um dos coordenadores da ação em Paris -Abaaoud foi morto junto com um primo, também envolvido nos atentados, durante uma operação perto da capital francesa, cinco dias depois dos ataques.
O irmão de Abdeslam, Ibrahim, era o suicida que fez o ataque ao café Voltaire, perto da casa de shows Bataclan, onde 89 pessoas foram mortas, a maioria a tiros. Uma semana antes dos atentados, a polícia belga fechou um bar onde Ibrahim era suspeito de vender drogas.
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