Socialistas rejeitam pacto, e Espanha pode ter terceira eleição em um ano
Susana Vera/Reuters | ||
O premiê em exercício da Espanha Mariano Rajoy (à esq.) recebe o líder socialista Pedro Sánchez |
Pedro Sánchez, líder da legenda de centro-esquerda PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), recusou nesta terça-feira (2) a coalizão proposta pelo premiê em exercício, Mariano Rajoy, do conservador PP (Partido Popular).
O gesto pode levar a uma nova eleição na Espanha, a terceira desde dezembro do ano passado. O socialista pediu a Rajoy que busque o apoio entre os partidos de direita, porque a esquerda não vai apoiar este seu projeto de coalizão.
"Se a direita diz 'não' a Rajoy, por que a esquerda vai apoiar a direita?", questionou o socialista Sánchez. A negativa do PSOE coloca em risco a possibilidade de que os partidos espanhóis consigam formar um novo governo, depois de um fracasso anterior.
Eleitores foram às urnas em dezembro e em junho deste ano, mas ainda não conhecem seu próximo premiê.
Rajoy afirma que, se Sánchez mantiver sua recusa, o país terá que repetir as eleições —um cenário de desgaste para todas as forças políticas, mas no qual o PP poderia sair mais uma vez fortalecido. Há grande cansaço entre a população espanhola, e a sensação de que é urgente formar um governo.
O Partido Popular venceu as duas últimas eleições. Em junho, conquistou 137 cadeiras no Congresso. É necessário somar 176 deputados, uma matemática cuja solução mais factível é a coalizão com o PSOE (85 assentos), rejeitada pelos socialistas.
Em um cenário alternativo, Rajoy teria que se alinhar com o partido de centro-direita Cidadãos (32 cadeiras) e com as forças nacionalistas.
Como o PP recebeu mais assentos no pleito, cabe ao premiê a tentativa de formar um governo. Mas não está claro, ainda, se ele de fato vai submeter-se ao processo, arriscando-se ao fracasso. Não há datas claras para o processo.
PACTO RECUSADO
O PP preparou uma proposta com 125 pontos de acordo para debater com o PSOE e convencê-lo a um pacto, incluindo reformas institucionais e de política econômica. Os socialistas negam por ora essa ideia.
Já era esperado que a primeira rodada de conversas entre os líderes políticos resultasse em desavença. Rajoy deve reunir-se com outros representantes, como Albert Rivera, do Cidadãos.
O PP espera convencer seus oponentes a, se não apoiarem sua tentativa de formar um governo, ao menos se abster e abrir o caminho. Assim, evitaria uma convocação de novas eleições.
Enquanto houver impasse político, o país seguirá com seu Parlamento paralisado e um Executivo provisório com poderes limitados. Nessa situação, a Espanha não pode renovar o Orçamento, e o investimento público está congelado. Rajoy segue no cargo de premiê nesse meio-tempo.
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