Jogador turco da NBA é deserdado pela família por apoiar opositor de Erdogan
Maddie Meyer/AFP | ||
O pivô turco Enes Kanter (de branco), do OKC Thunder da NBA |
O jogador turco de basquete Enes Kanter, 24, pivô da equipe da NBA Oklahoma City Thunder, foi deserdado pela sua família por apoiar Fetullah Güllen, clérigo autoexilado nos Estados Unidos e opositor do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Em mensagem à imprensa turca, o pai do jogador, Mehmet Kanter, pediu desculpas "ao presidente e ao país por ter um filho assim". Ele disse ao jornal "Daily Sabah" que a família estava perturbada com as seguidas críticas de Enes a Erdogan nas redes sociais, que se intensificaram com as reações do governo à tentativa de golpe militar no país.
Erdogan considera que Güllen e seu movimento, o Hizmet, tenham liderado o golpe frustrado. O clérigo nega.
Segundo o pai de Enes, que passou a jogar na NBA em 2011, primeiro no Utah Jazz e depois no time de Oklahoma, a família já havia avisado que iria deserdá-lo caso as críticas públicas não parassem, mas o jogador seguiu com as declarações. O pai diz ainda temer que o movimento Hizmet o use "apenas por seu sucesso e fortuna".
Em resposta, o pivô publicou um texto no Twitter dizendo que havia perdido pai, mãe e irmãos, e assinou a nota com um novo nome: "Enes (Kanter) Güllen".
FORA DA SELEÇÃO
O atleta, que estudou em escolas coordenadas pelo Hizmet, costuma defender Güllen nas redes sociais e já havia sido punido pela federação de basquete local por isso. Desde o último ano os dirigentes turcos dizem que ele só poderá voltar à seleção nacional caso "peça desculpas por incidentes passados".
A decisão de não convocar Kanter recebeu apoio do ex-jogador Hidayet Turkoglu, maior nome do basquete do país neste século.
Defensor feroz de Erdogan, Turkoglu chegou a chamar Kanter de "burro" por suas posições políticas e defendeu que ele nunca mais jogue pelo país.
A NBA não permite que jogadores usem apelidos nos uniformes, então Kanter deverá mudar oficialmente o sobrenome se não quiser ostentar o nome da família que o deserdou no uniforme.
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