Carlo Azeglio Ciampi, ex-presidente e premiê da Itália, morre aos 95 anos
Carlo Azeglio Ciampi, ex-presidente da Itália e senador vitalício, morreu aos 95 anos, segundo anúncio do governo nesta sexta-feira (16). Ciampi era um dos políticos mais importantes do país, visto, por exemplo, como mentor da adesão à moeda comum europeia, o euro.
Segundo informações preliminares circuladas durante esta manhã, a saúde de Ciampi já vinha se deteriorando. Não havia detalhes sobre a causa de sua morte. Descrito como calmo e confiante, o ex-presidente teve longa carreira no Banco da Itália, ao qual se uniu em 1946 e no qual trabalhou por 47 anos, 14 deles como líder.
Raigo Pajula /AFP Photo | ||
Em foto de abril de 2004, o então presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, durante cerimônia na Estônia |
Antes disso, ele havia estudado literatura grega clássica e batalhado nas forças de resistência durante a Segunda Guerra (1939-1945). Ciampi foi premiê entre 1993 e 1994, o primeiro não parlamentar a ocupar o cargo em um século. Em seguida, foi ministro das Finanças entre 1996 e 1999.
Foi nessa pasta que ele desempenhou um de seus principais papéis –garantir o lugar da Itália na zona do euro, apesar da desconfiança em relação às contas do país. Também foi presidente da Itália de 1999 a 2006, cargo de importância principalmente cerimonial na Itália.
Havia expectativa de que ele assumisse a Presidência por um segundo mandato, o que foi chamado de "Ciampi-bis". Ele, no entanto, recusou essa ideia em 2006.
MÁFIA
O trabalho do ex-presidente durante os anos 1990 chocou-se contra diversas resistências, como a desvalorização da então moeda italiana, a lira, e a onda de assassinatos realizadas pela máfia. Ele afirmou ter temido, àquela época, um golpe de Estado.
Uma de suas bandeiras, quando presidente, foi a unificação da Europa em torno de uma Constituição. O projeto foi rejeitado pela França e pela Holanda em 2005.
Matteo Renzi, premiê italiano, reagiu à morte de Ciampi afirmando que o ex-presidente havia servido o país "com paixão", ao qual trabalhou sem cessar. Enrico Letta, ex-premiê, disse por sua vez que "um de nossos pais nos deixou". "Se a Itália é ainda um grande país, então temos uma enorme dívida de gratidão com Ciampi."
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