Estado Islâmico é expulso da cidade de Dabiq, anunciam rebeldes da Síria
Nazeer al-Khatib/AFP | ||
Soldados do Exército de Libertação da Síria durante combate nos arredores de Dabiq |
Quando militantes da organização terrorista Estado Islâmico tomaram a cidade de Dabiq, em 2014, a conquista lhes pareceu um augúrio.
Sua interpretação apocalíptica do islã prevê, afinal, que uma batalha final entre muçulmanos e infiéis será travada justamente ali.
Mas rebeldes sírios apoiados pela Turquia afirmaram ter retomado o território neste domingo (16), forçando um cenário menos auspicioso: com consecutivas derrotas, o Estado Islâmico vê hoje a previsão de seu declínio.
Dabiq era, simbolicamente, uma de suas cidades mais importantes na Síria. Aleppo, outra de suas fortalezas, está sob constante ataque do regime sírio e da aliada Rússia.
Tropas iraquianas se preparam, ao mesmo tempo, para reconquistar Mossul, a "capital" dessa organização terrorista no Iraque. A ofensiva deve ocorrer nestes meses, com o apoio dos EUA.
O ataque dos rebeldes sírios a Dabiq começou no sábado (15), cortando os acessos à cidade. Vilarejos como os de Irshaf e Ghaitun foram tomados, isolando a base do Estado Islâmico.
A ofensiva faz parte da campanha turca Escudo do Eufrates, em referência a um dos rios mais importantes da Mesopotâmia, iniciada em agosto. Em Dabiq, as operações contaram com tanques, artilharia e aviões militares.
PROPAGANDA
Havia em torno de 1.200 militantes em Dabiq, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado em Londres.
A cidade, a 10 quilômetros da fronteira turca, e onde o censo de 2004 registrava 3.000 moradores, não têm em si valor estratégico.
Mas Dabiq era uma das peças centrais da propaganda do Estado Islâmico. A principal revista oficial da milícia levava seu nome.
Reprodução | ||
Capa do numero 15 da revista Dabiq, publicação do Estado Islamico |
A cidade aparece, também, em uma profecia creditada a Abu Musab al-Zarqawi, fundador da organização terrorista que transformou-se no atual Estado Islâmico. Ele teria dito que a fagulha acesa por sua insurgência no Iraque continuaria a se espalhar "até queimar os exércitos dos cruzados em Dabiq".
Maomé, profetá do islã, também teria dito que o fim do mundo só chegaria depois que os muçulmanos tivessem derrotado os romanos em Dabiq ou em Amaq, ambas na fronteira com a Turquia, a caminho de Constantinopla (hoje, Istambul).
Já prevendo a queda da base, porém, o Estado Islâmico registrou recentemente em sua publicação Al-Naba que a batalha com as tropas turcas não era exatamente aquela citada na profecia.
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