Mortalidade ao cruzar Mediterrâneo dispara em 2016, diz agência da ONU
Aris Messinis/AFP Photo | ||
Migrantes aguardam ser resgatados no mar Mediterrâneo, este mês, na costa da Líbia |
Pelo menos 3.740 migrantes morreram este ano tentando cruzar o mar Mediterrâneo, número que quase se equipara ao total de mortes registradas durante todo o ano de 2015, quando três vezes mais pessoas se lançaram a esse mar, alertou nesta terça (25) a agência para refugiados da ONU (Acnur).
Segundo William Spindler, porta-voz do Acnur, há registros de que 327,8 mil migrantes tenham cruzado o Mediterrâneo este ano. Em 2015, o fluxo superou 1 milhão de pessoas, com 3.771 mortes no ano inteiro.
"Esse é, de longe, o pior que já vimos no Mediterrâneo", afirmou Spindler. "No ano passado foi registrada 1 morte a cada 269 chegadas; em 2016, a probabilidade de mortes aumentou drasticamente, para 1 a cada 88", disse. "Podemos dizer que a taxa de mortalidade aumentou três vezes."
Na semana passada, a Folha publicou uma reportagem sobre o resgate de migrantes vindos da África, na costa da Líbia, e mostrou o drama e as condições de quem tenta chegar à Europa pelo mar.
O grande fluxo de migrantes que cruzam o Mediterrâneo é alimentado por conflitos em diferentes países, como a guerra civil da Síria, que já se arrasta por cinco anos e levou ao êxodo de milhões.
O ano de 2016 viu episódios dramáticos em que grandes botes naufragaram, matando centenas de pessoas de uma só vez na região. Em uma semana, em junho, mais de 700 morreram em apenas três naufrágios.
Traficantes de pessoas agora enviam, da Líbia à Itália, milhares de pessoas em inseguros botes infláveis, talvez para reduzir os riscos de eles próprios serem pegos, mas ao mesmo tempo complicando o trabalho das equipes de resgate.
"O tráfico se tornou um negócio de grandes proporções e está sendo feito quase que em escala industrial. Então, agora eles mandam vários botes ao mesmo tempo e isso coloca os serviços de resgate em dificuldade, porque eles precisam resgatar milhares de pessoas em centenas de barcos", disse Spindler.
"E quando você tem tantas pessoas no mar em embarcações pouco resistentes ao mar, então o perigo obviamente aumenta."
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis