Apesar de alta nos preços, ex-ministro argentino fala em 'missão cumprida'
Foto: Reproducao de video | ||
Alfonso Prat-Gay, ministro da Fazenda e das Finanças da Argentina demitido pelo presidente Macri |
O ex-ministro da Fazenda e das Finanças argentino, Alfonso Prat-Gay, evitou falar de rusgas internas com a cúpula do governo na entrevista coletiva em que se despediu do cargo, nesta terça (27), em Buenos Aires.
"Estou deixando o carro consertado e a estrada pavimentada para que, a partir do ano que vem, o país volte a crescer e a gerar emprego."
Disse compreender que "para uma camada da população foi muito duro o aumento repentino dos preços (referindo-se ao fim dos subsídios e aumentos das tarifas) e a queda da atividade econômica no primeiro semestre. Mas agradeço a confiança dos que entenderam que esse era um passo que tinha de ser dado."
Prat-Gay fez um balanço positivo de suas medidas, especialmente do fim do cerco ao dólar e do programa de repatriação de bens antes não declarados no exterior. "Estão voltando à Argentina US$ 90 bilhões. Isso é um recorde em programas desse gênero e significará mais arrecadação."
Afirmou estar saindo com a "sensação de missão cumprida" e que "não há dúvidas de que, no primeiro semestre de 2017, a recuperação do país se sentirá no bolso dos argentinos."
Um jornalista, então, perguntou-lhe por que, se estava tão satisfeito com seu desempenho e tão confiante quanto ao futuro, tinha sido tirado do cargo pelo presidente Macri.
Prat-Gay limitou-se a dizer que sua saída "se deu apenas porque havia diferenças concretas sobre o funcionamento da equipe, que foram ficando muito claras. Não discordamos quanto ao rumo, mas sim quanto ao modo de trabalhar."
Prat-Gay não descartou que pode seguir almejando outro posto político num futuro próximo, mas disse que, por enquanto, preferia "dar um passo para o lado".
O anúncio da saída do ministro foi feito na segunda (26) pelo chefe de gabinete, Marcos Peña, que também comunicou que a pasta antes ocupada por Prat-Gay se dividiria em duas. A da Fazenda ficaria a cargo do economista Nicolás Dujovne, e a de Finanças, de Luis Caputo, já integrante da equipe.
Apesar de conseguir alguns avanços de forma muito rápida no começo da gestão Macri (fim do cerco ao dólar, liberação das travas de exportação, acordo com os "fundos-abutre"), o prestígio de Prat-Gay dentro do governo vinha caindo nos últimos meses.
O presidente cobrava uma retomada rápida do crescimento, que foi prometida durante a campanha eleitoral de 2015 e que não se realizou —o país fechará com -1,8% em 2016—, e uma redução da inflação dos 35% do fim da era Kirchner para 25%. Neste setor, está a principal derrota de Prat-Gay, pois a inflação, em vez de baixar, subiu ainda mais, para os atuais 40%.
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