Irã homenageia líder moderado Akbar Rafsanjani, morto no domingo
Iranianos prestaram homenagem nesta segunda-feira (9) a Akbar Rafsanjani, líder moderado e presidente entre 1989 e 1997, morto aos 82 anos no final de semana devido a um ataque cardíaco,.
Familiares e autoridades velaram o corpo de Rafsanjani na mesquita Jamaran, no norte da capital, Teerã. O presidente iraniano, Hassan Rowhani, participou da cerimônia.
Após o anúncio da morte de Rafsanjani no domingo (8), o Irã declarou três dias de luto. Jornais estamparam em suas capas fotos do líder moderado, e canais de televisão reproduziram imagens de discursos dele.
No abertura da sessão do Parlamento desta segunda-feira, o presidente da Casam Ali Larijani, homenageou Rafsanjani, descrevendo-o como "um homem para os dias duros, cujo nome sempre foi ligado à Revolução [Islâmica, de 1979] e sempre será".
O enterro de Rafsanjani está programado para esta terça-feira (10).
VIDA
Considerado o pilar da Revolução Islâmica de 1979, Rafsanjani foi líder do Parlamento de 1980, um ano após a queda do xá Reza Pahlevi, a 1988. Era o segundo do regime, atrás do líder supremo, aiatolá Ruhollah Khomeini, de quem foi colaborador.
Ele se tornou presidente em uma época decisiva para o Irã. O país estava destruído e em crise financeira devido à guerra com o Iraque (1980-1988) e Khomeini havia morrido meses antes, abrindo uma disputa no regime.
Além de convencer Khomeini a selar um acordo de paz com o ditador iraquiano, Saddam Hussein, foi um dos principais apoiadores da escolha do então presidente, Ali Khamenei, para assumir a vaga de líder supremo.
Em seus oito anos de governo, recuperou a infraestrutura do país, levando estradas, energia e telecomunicações para áreas distantes, promoveu a indústria local e chegou a propor uma abertura econômica e uma relação mais aberta com o mundo.
Atta Kenare-21.dez.2015/AFP | ||
Akbar Hashemi Rafsanjani, durante entrevista coletiva em Teerã, em 2015 |
Por outro lado, permitiu o aumento da influência da Guarda Revolucionária (Forças Armadas) sobre a economia e aprofundou as relações com o movimento radical libanês Hizbullah e o grupo palestino Hamas.
Isso fez com que ele fosse acusado de envolvimento em atentados contra judeus e tivesse sua captura internacional pedida pela Argentina por envolvimento no atentado terrorista a uma entidade judaica em Buenos Aires, que deixou 85 mortos em 1994.
Ao sair do poder, em 1997, continuou a ser um dos principais influenciadores do regime. Foi uma das lideranças da oposição ao conservador Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), para quem perdeu a eleição de 2005.
Em 2013 tentou voltar à Presidência, mas foi impedido pela cúpula da República Islâmica sob a alegação de que era muito velho. Acabou apoiando o moderado Hassan Rowhani, que foi eleito.
Dessa forma, tornou-se um participante do atual governo, colocando em prática a reaproximação com os EUA, impedida pela linha dura nos anos em que foi presidente.
A morte de Rafsanjani significa uma grande perda para os moderados. Além do risco de um conservador ser nomeado para um dos principais conselhos do regime, Rowhani perde um grande apoio para as eleições presidenciais de maio.
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