Órgãos internacionais ligam ditador sírio a ataque químico pela 1ª vez

DIOGO BERCITO
DE MADRI

Investigadores internacionais incluíram pela primeira vez os nomes do ditador sírio, Bashar al-Assad, e de seu irmão na lista de responsáveis pelo uso de armas químicas.

A informação foi divulgada na sexta-feira (13) pela agência de notícias Reuters, que diz ter tido acesso a um relatório conjunto das Nações Unidas e da Opaq (Organização para a Proibição das Armas Químicas). Esse texto ainda não é público.

A ONU e a Opaq —que recebeu o Nobel da Paz de 2013 pelo trabalho de desarmamento químico na Síria— já haviam identificado unidades militares, mas seria a primeira vez em que nomeariam os líderes responsáveis por uma série de ataques químicos em 2014 e 2015.

A lista citada pela Reuters inclui Assad, seu irmão Maher e outras figuras de alto escalão, o que indica que a decisão de usar armas químicas veio do topo do regime. Haveria, portanto, uma responsabilidade direta. São 15 nomes no total, incluindo o ministro da Defesa e o chefe da inteligência militar.

O regime sírio já negou, em outras ocasiões, ter utilizado armas químicas. As acusações, diz, "não tem base verídica". Os ataques citados pelo relatório seriam de responsabilidade de forças rebeldes e da organização terrorista Estado Islâmico.

As informações compiladas pela ONU e pela Opaq têm base em investigações na Síria e nas agências de inteligência de diversos países.

O inquérito é liderado por três especialistas independentes com o apoio de equipes técnicas e administrativas, com um mandato do Conselho de Segurança da ONU. O uso de armas químicas é um crime de guerra.

Um dos casos mais graves atribuídos ao regime sírio foi um ataque na região de Ghouta, na periferia de Damasco, em agosto de 2013. Centenas de pessoas foram mortas ali pelo gás sarin.

Na sequência, após repúdio internacional, a Síria concordou em entregar seu estoque químico e desmantelar armas sob supervisão.

Como a Síria não é membro do Tribunal Penal Internacional, os supostos crimes de guerra precisariam ser julgados pelo Conselho de Segurança. A Rússia, principal aliada da Síria, tem no entanto poder de veto nesse órgão, o que torna a acusação pouco provável por ora.

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