Após polêmica, Brasília confirma embaixador israelense

DANIELA KRESCH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TEL AVIV

O governo brasileiro terminou nesta terça-feira (17) a maior crise política entre o Brasil e Israel desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas, em 1949.

Acabando com 14 meses de impasse depois que o governo Dilma Rousseff rejeitou Dani Dayan como embaixador, o Itamaraty concedeu agrément a Yossi Sheli.

Dayan não fora aceito por ter atuado como líder do Conselho Yesha, dos colonos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Em julho, ele foi nomeado cônsul-geral em Nova York.

Yossi Sheli, amigo pessoal do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, deve chegar a Brasília no fim de fevereiro. Assim como Dayan, ele é um empresário sem carreira diplomática.

"É uma nomeação pessoal do primeiro-ministro, o que aponta para a importância que ele vê no Brasil", disse à Folha Modi Ephraim, vice-diretor-geral para a Divisão de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Apesar do fim do imbróglio, Sheli também tem um passado controverso. Em 2008, ele foi acusado de fraude e falso testemunho por ter omitido que era membro do Likud (partido de Netanyahu) enquanto atuava como presidente do Conselho de Administração dos Correios e diretor-geral da prefeitura de Beer Sheva.

Em 2012, ele admitiu o erro e fechou um acordo pelo qual foi afastado do serviço público até 2015.

"Esse fato está recebendo ênfase demais. Não se pode manter uma pessoa sob sanção indefinidamente", diz Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil. "O novo governo brasileiro tem interesse num bom relacionamento com Israel, com o qual compartilha valores e interesses."

Erramos: o texto foi alterado
Ao contrário do que dizia inicialmente o título desta reportagem, o empresário Yossi Sheli não foi condenado por perjúrio e fraude. Em 2012, um tribunal israelense aceitou um acordo judicial no qual as acusações foram retiradas. Segundo o documento, a corte "evitou condenar Sheli pela prática da infração". No entanto, decidiu-se que ele ficaria três anos "impedido de servir em cargos listados pela acusação (cargos públicos)".
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