'1984' lidera vendas após polêmica sobre 'fatos alternativos' de Trump

DA REUTERS

O romance de George Orwell "1984", sobre um futuro distópico sob um regime autoritário, voltou ao topo das vendas e ganhará reimpressão décadas após ter sido escrito, enquanto leitores buscam compreender a defesa pela equipe do presidente dos Estados Unidos de "fatos alternativos".

A obra, publicada pela primeira vez em 1949, mostra um governo cruel na figura de um "Grande Irmão" que espiona seus cidadãos e os força a "duplipensar", ou aceitar versões contraditórias da verdade.

As vendas do livro dispararam desde que Kellyanne Conway, funcionária do alto escalão da Casa Branca, usou o termo "fatos alternativos" durante entrevista ao programa "Meet the Press", da emissora NBC, em uma discussão sobre o tamanho do público presente à posse de Trump, ocorrida na última sexta-feira (20).

Conway rebatia acusações de que a administração Trump estava obcecada com o público que participou da posse, dizendo: "Nos sentimos compelidos a vir a público e esclarecer as coisas e apresentar fatos alternativos."

Em meio a críticas ao termo, a editora do dicionário Mirriam-Webster publicou no Twitter, em desafio a Conway, o seguinte verbete: "Um fato é uma informação apresentada como tendo realidade objetiva".

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Alguns comentaristas classificaram a expressão usada por ela como "Orwelliana".

Na segunda-feira (23), o romance do escritor britânico entrou na lista dos 10 livros mais vendidos da Amazon, que é atualizada a cada hora. Na quarta-feira (25), a obra era a mais vendida da livraria virtual.

Diante do crescimento na procura pelo livro, a editora Signet Classics anunciou ter ordenado a reimpressão de 75 mil cópias esta semana. Um porta-voz da empresa disse à rede BBC na terça (24) que essa quantidade é maior do que a que costuma ser reimpressa.

Um representante da editora Penguin disse à rádio NPR que as vendas do livro cresceram 10.000%.

A filial do Estado da Virgínia Ocidental da União pelas Liberdades Civis Americanas, que prometeu "resistir" às políticas do presidente sobre imigração e outros temas, disse no Twitter que escolheu "1984" como a leitura do mês para seu clube de livros.

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