EUA barram refugiados, e advogados vão à Justiça contra decreto de Trump
Inúmeros refugiados e turistas foram detidos em aeroportos ou impedidos de embarcar para os EUA por causa do decreto assinado pelo presidente Donald Trump na sexta-feira (27), que barra a entrada de refugiados nos Estados Unidos e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Irã, Iraque, Iêmen, Líbia, Sudão, Somália e Síria).
Pelo menos 12 refugiados e estrangeiros foram detidos no aeroporto de Nova York na sexta (27). Um deles, o iraquiano Hameed Khalid Darweesh, foi liberado na tarde deste sábado (28) após ação judicial de seus advogados.
Ele começou a chorar ao falar com repórteres, mostrando a maneira como foi algemado. "Depois do que fiz por esse país, eles me algemam", disse ele, que foi intérprete das tropas americanas durante a Guerra do Iraque.
Carlos Barria/Reuters | ||
O presidente dos EUA, Donald Trump, assina decreto que suspende programa de admissão de refugiados |
"Temos relatos de pessoas detidas por todo o país", disse Becca Heller, diretora do Projeto Internacional de Assistência ao Refugiado. "Literalmente, estamos recebendo relatos a cada minuto."
Entre os que foram barrados no embarque, um cientista iraniano que vinha com uma bolsa para estudar em Harvard, uma família síria que vinha como refugiada, um iraniano estudante de doutorado na Universidade Yale, cinco iraquianos e um iemenita no aeroporto do Cairo. Embora tivessem vistos, foram obrigados a voltar para seus países de origem.
O decreto vai impedir que o diretor iraniano Asghar Farhadi, que venceu o Oscar pelo filme "A Separação" que concorre ao prêmio deste ano com "O Apartamento", vá a Los Angeles para participar da cerimônia em fevereiro.
O veto está sendo aplicado também a pessoas que têm autorização para morar nos EUA, o "green card".
Várias organizações de direitos civis estão contestando o decreto na Justiça, dizendo que refugiados estão sendo presos de forma ilegal.
Spencer Platt/Getty Images/AFP | ||
Imigrantes muçulmanos participam de protesto contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em NY |
O decreto suspende a entrada de todos os refugiados nos EUA por 120 dias e deixa no limbo aqueles que já estavam a caminho do país.
Haider Sameer Abdulkhaleq Alshawi, um iraquiano detido no aeroporto de NY, estava a caminho de Houston para se reunir com sua mulher, que havia trabalhado para uma empresa americana, e seu filho de sete anos.
"Com quem precisamos falar?", perguntou no aeroporto um dos advogados dos iraquianos, Mark Doss. "Com o presidente", respondeu o agente da fronteira. "Ligue para o senhor Trump."
"Essas pessoas têm vistos válidos e tiveram seus pedidos de refúgio aprovados pelo Departamento de Estado e pelo Departamento de Segurança Interna; eles têm autorização para entrar nos EUA e estão sendo detidos de forma ilegal", disse Doss.
O veto de Trump impede a entrada nos EUA de 134 milhões de pessoas de sete países de maioria muçulmana.
Ao assinar o decreto, Trump evocou os atentados de 11 de setembro em Nova York, em 2001 -mas a maioria dos 19 terroristas eram da Arábia Saudita, e os outros eram do Líbano, Egitos e Emirados Árabes- todos países que estão fora do veto do decreto, e cujos indivíduos não estão barrados nos EUA.
IRÃ
No sábado (28), o governo iraniano classificou a medida de Trump como "uma afronta ao mundo islâmico e à nação iraniana" e prometeu que irá retaliar, impedindo a entrada de cidadãos americanos no país.
Em 2015, segundo dados do Departamento de Segurança Interna dos EUA, foram concedidos vistos de não imigrantes para 35.266 iranianos entrarem nos EUA, 21.381 iraquianos, 16.010 para a Síria, 5.549 para o Iêmen, 4.792 para o Sudão, 2.879 para a Líbia e 359 para Somália. Os países já fazem parte de uma lista que exige verificação detalhada dos antecedentes dos requerentes de visto, e os iranianos tem taxa de recusa de 40%.
(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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