Documento contra política migratória de Trump tem apoio de mil diplomatas
Cerca de mil diplomatas americanos assinaram um documento de protesto contra o veto temporário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
As assinaturas foram entregues nesta terça-feira (31) ao "canal de divergências" do Departamento de Estado, que recebe reclamações de funcionários sobre as políticas do governo. Uma resposta oficial deve ser dada num prazo de 30 a 60 dias. O mecanismo, criado durante a Guerra do Vietnã, também protege por lei os signatários de retaliações.
"Este veto não alcança seus objetivos [de tornar o país mais seguro] e provavelmente será contraprodutivo", diz o documento, que rodou por embaixadas americanas mundo afora. "Além disso, essa política vai contra valores americanos essenciais de não discriminação, jogo limpo e de dar boas vindas aos visitantes estrangeiros e imigrantes. Somos melhores do que esse veto."
O Departamento de Estado emprega 11 mil servidores e 7.600 diplomatas.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, criticou os signatários do documento, dizendo que eles "deveriam se ajustar ao programa [de veto migratório temporário] ou sair" de seus postos no governo.
Trump também demonstrou impaciência em relação à dissidência interna ao demitir a secretária interina de Justiça, Sally Yates, na segunda-feira (30). Ela tinha ordenado que os subordinados no Departamento de Justiça não defendessem o veto, por não ter certeza de que a medida era "legal".
POPULAÇÃO DIVIDIDA
Uma pesquisa de opinião da Reuters/Ipsos divulgada nesta terça-feira aponta que os americanos estão divididos quanto ao veto de 90 dias para a entrada de cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Sudão, Somália, Síria e Iêmen e de 120 dias para refugiados de qualquer nacionalidade.
De acordo com a sondagem, 49% dos adultos concordam "fortemente" ou "de alguma forma" com o veto, enquanto 41% discordam. Outros 10% estão indecisos. Considerando os partidos políticos, 53% dos democratas "discordam fortemente" e 51% dos republicanos "concordam fortemente" com a medida.
Apenas 32% dos americanos, no entanto, se sentem mais seguros por causa do veto. Outros 56% acreditam que os Estados Unidos não deveriam dar preferência a refugiados cristãos em vez de muçulmanos.
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