Obama tentou preservar dados sobre elo da equipe de Trump com russos

DO "NEW YORK TIMES"

Nos últimos dias da administração de Barack Obama, parte dos funcionários da Casa Branca se envolveu em uma corrida para disseminar informações a respeito do esforço da Rússia para interferir nas eleições presidenciais —e sobre possíveis contatos entre a equipe de Donald Trump e os russos na campanha eleitoral— no governo.

Os ex-membros do governo afirmam que agiram com dois objetivos: assegurar que isso não acontecesse novamente em eleições americanas ou europeias, e deixar uma pista clara para quem investiga o novo gabinete.

Aliados dos EUA, incluindo os britânicos e os holandeses, haviam enviado informações que descreviam encontros na Europa entre autoridades russas e integrantes da equipe de Trump, na época presidente eleito, de acordo com três ex-funcionários da Casa Branca que pediram para não ser identificados.

Paralelamente, agências de inteligência americanas haviam interceptado comunicações entre servidores russos, alguns dentro do Kremlin, em que discutiam contatos com aliados do republicano.

O presidente nega que sua campanha tenha tido qualquer contato com autoridades russas, e sugeriu que as agências de espionagem teriam inventado informações.

Na Casa Branca sob Obama, as declarações alimentaram temores de que os dados poderiam ser encobertos ou destruídos —ou suas fontes, expostas— uma vez que o novo mandatário assumisse.

O que se seguiu foi uma tentativa de preservar os dados que destacavam a profunda ansiedade com a qual as agências de inteligência e a Casa Branca enxergavam a ameaça representada por Moscou.

Eles também refletiam as suspeitas de que a campanha de Trump pode ter conspirado com os russos nos casos de hackeamento de e-mails durante as eleições —que autoridades afirmam não terem sido confirmadas.

Ex-funcionários do alto escalão do governo Obama dizem que nenhum destes esforços foram ordenados pelo ex-presidente.

Com o dia da posse se aproximando, os membros do gabinete democrata tornaram-se mais convencidos de que as informações eram condenatórias e de que precisavam assegurar que o máximo de pessoas tivesse acesso a elas.

Alguns deles começaram a fazer perguntas específicas em reuniões de inteligência, sabendo que as respostas seriam arquivadas e poderiam ser facilmente descobertas por investigadores —incluindo a Comissão de Inteligência do Senado, que no começo de janeiro anunciou um inquérito sobre os esforços russos para influenciar a eleição.

O oposto aconteceu com dados mais sensíveis da inteligência, incluindo a identidade de fontes, cujo acesso foi reduzido pelos funcionários.

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