É preciso repensar cidades da Síria, diz arquiteta após seis anos de guerra

DANIEL AVELAR
DE SÃO PAULO

Assoladas por seis anos de guerra civil, as cidades da Síria encontram-se em grande parte devastadas.

A arquiteta Marwa al-Sabouni, que vive em Homs, no oeste do país, tomou para si a missão de imaginar como essas cidades podem ser reconstruídas após o término do conflito. "Antes de construir prédios, nós precisamos reconstruir comunidades", disse à Folha Sabouni, 35.

Ela conta as dificuldades que enfrentou nos períodos mais dramáticos do conflito em sua cidade. Entre o risco de bombardeios, sequestros e as crises frequentes no abastecimento de água, luz e gás, a arquiteta passou quase dois anos evitando sair de seu apartamento, a poucos quarteirões da linha de batalha. "Não havia lugares seguros em Homs", diz.

No livro "The Battle for Home" ("A Batalha pelo Lar", sem edição em português) e em uma palestra no TED, Sabouni aborda os problemas de planejamento urbano que, em sua visão, contribuíram para a eclosão da guerra civil.

RECONSTRUÇÃO

Sabouni diz que o processo de reconstrução das cidades sírias no pós-conflito deve buscar evitar os erros de planejamento do passado.

As áreas periféricas, mais devastadas pela guerra, estarão na mira de investidores. Para a arquiteta, antes de gerar lucros, a prioridade deve ser construir um ambiente acolhedor do qual as pessoas possam se orgulhar.

Já nos centros históricos, o caminho seria incorporar a tradição das "camadas de civilização" que viveram ali no passado, recuperando o espírito harmonioso das antigas cidades islâmicas.

O provável ressentimento entre setores da população síria após o término da guerra impõe desafios extras para a arquitetura, pois espaços em comum podem tornar-se terreno de disputas sectárias, em vez de promover integração.

"Meu objetivo não é pôr todo mundo junto no mesmo lugar como se fosse uma grande festa", diz Sabouni. "Nosso papel é buscar um equilíbrio entre limites e proximidades. Isso não é tarefa fácil."

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