Leila Zahouri acendeu um, dois, cinco, mais de dez cigarros nas primeiras horas da manhã fria e ensolarada dessa sexta-feira (7) em Homs.
Estava ansiosa com as notícias que chegavam pelo celular a todo instante. "Quatro soldados foram para o martírio, parece que alguns civis também", disse ela, entre uma baforada e outra, logo após o fim de mais uma ligação.
Leila não estava exatamente preocupada com o número de mortos do ataque aéreo americano nas primeiras horas da manhã.
Para os sírios, contar cadáveres às dezenas, algumas vezes às centenas, tornou-se algo corriqueiro nestes seis anos de uma guerra brutal que já dizimou quase meio milhão de pessoas.
Na mesquita de Drobe, no coração de Homs, o imã Nasouh Kilani, envia a mesma mensagem às centenas de homens que compareceram na oração do meio dia de sexta-feira, a mais importante para os muçulmanos sunitas.
"Eu peço a vocês, levem amor, precisamos acabar com esse banho de sangue, aceitem aqueles que voltam para nosso país, que desistiram das armas e aceitaram a reconciliação".
Kilani não fez menção ao ataque americano em seu discurso antes do início das orações, cujo tema, como tem sido comum, foi a guerra, a "crise", como os sírios que estão nas áreas controladas pelo governo se referem ao conflito.
Ao final, no entanto, o imã, fez questão de pedir a Deus que abra as portas dos céus a todos os soldados do exército sírio mortos em combate. "Que Alá nos conceda a vitória", disse, antes de iniciar a oração.
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