Ex-diretor do FBI é indicado para chefiar inquérito sobre Rússia
J. Scott Applewhite - 19.jun.2013/Associated Press | ||
Ex-diretor do FBI Robert Mueller em foto de 2013 |
As pressões de democratas pela nomeação de um promotor especial para investigar o envolvimento da Rússia nas eleições americanas foram atendidas. O Departamento de Justiça escolheu nesta quarta (17) o ex-diretor do FBI Robert Mueller para a função.
Segundo Rod Rosenstein, vice-secretário de Justiça, a decisão "não representa uma constatação de que crimes foram cometidos". Ele justificou a decisão dizendo que, nas atuais circunstâncias, que seriam "únicas", "o interesse público exige que eu ponha a investigação sob a supervisão de uma autoridade independente".
Desde que Donald Trump demitiu o diretor do FBI, James Comey, cresceram as reivindicações da oposição e de setores da mídia para que o inquérito fosse acompanhado por alguém de fora da cadeia de comando, como garantia mínima de que não haveria ingerência indevida.
Mueller atuou como diretor do FBI de 2001 a 2013, sob governos democratas e republicanos. É visto como confiável e apegado às leis. Embora o indicado vá se reportar ao Departamento de Justiça e, em última instância, a Trump, a expectativa é que tenha autonomia para exercer a supervisão do inquérito.
Também nesta quarta, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ofereceu-se para revelar as supostas informações sigilosas sobre a milícia Estado Islâmico que Trump teria compartilhado com ele –conforme revelou reportagem do jornal "Washington Post". O líder russo declarou que não há nada de especial nos dados compartilhados e classificou a notícia de "disparate e lixo".
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TODOS OS ROLOS DO PRESIDENTE
Donald Trump tem colecionado ações questionáveis desde o início de seu mandato na Casa Branca, em janeiro
Suspeita de intervenção russa na eleição
> Agências de inteligência dos EUA acreditam que o líder russo Vladimir Putin tenha ordenado que hackers penetrassem nos sistemas do Comitê Nacional Democrata e distribuíssem notícias falsas; Putin nega
> O ex-chefe da campanha de Trump, o lobista Paul Manafort, trabalhou secretamente para um empresário russo há dez anos para promover Putin
Michael Flynn
> Ex-conselheiro de Segurança Nacional, renunciou depois de a imprensa revelar que ele mentiu ao vice-presidente Pence sobre os contatos que manteve com o embaixador russo nos EUA
> Flynn também é suspeito de ter recebido pagamentos dos governos russo e turco por lobby; por ser um ex-integrante do Exército, a lei impede que Flynn aceite pagamentos de estrangeiros
James Comey
> O ex-diretor do FBI liderava investigação sobre o elo entre auxiliares de Trump com a Rússia; dias antes de ser demitido, ele havia pedido mais recursos para a apuração
> Ele foi demitido por Trump no último dia 9; a Casa Branca afirmou que o presidente seguiu recomendação do secretário e do vice-secretário da Justiça
> Dois dias depois, o "New York Times" afirmou que, em um jantar em janeiro, Trump pediu a "lealdade" de Comey, que respondeu prometendo "honestidade"
> Na terça (16), o "NYT" revelou que Trump pediu a Comey, em fevereiro, que encerrasse a investigação sobre Flynn; o registro do pedido estaria em um memorando escrito por Comey
Informações para os russos
> Também nesta semana, o "Washington Post" informou que Trump teria revelado informação confidencial ao chanceler russo, Sergei Lavrov, em uma conversa na semana passada, na Casa Branca
> A informação sobre uma ameaça do Estado Islâmico teria sido repassada sem a permissão da fonte (Israel, segundo o "NYT"), e poderia comprometer a segurança de um colaborador dos EUA na região
> Trump reagiu dizendo que tem o "direito absoluto" de compartilhar informações com a Rússia; a Casa Branca alegou que os dados não eram secretos
> O presidente Putin disse nesta quarta (17) que poderia fornecer a transcrição da conversa entre Trump e Lavrov se os EUA autorizarem
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