Protestos e saques deixam 4 mortos e caos no Estado natal de Hugo Chávez
Uma série de saques e protestos violentos contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira (2) deixou quatro mortos e centenas de feridos em Barinas, Estado onde nasceu Hugo Chávez (1954-2013).
Os atos começaram no início da manhã na cidade de Barinas. Comerciantes, taxistas e motoristas de ônibus fizeram uma paralisação em repúdio contra a decisão do chavista de convocar uma Assembleia Constituinte.
Marco Bello/Reuters | ||
Homem ajuda mulher em cadeira de rodas durante protesto contra Nicolás Maduro em Caracas |
Os opositores fecharam as principais ruas da capital estadual com barricadas montadas com lixo, troncos de árvores e pneus. Houve confronto entre os manifestantes e as forças de segurança, desatando o caos na região.
Homens encapuzados atacaram com coquetéis molotov os prédios do chavista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), da missão habitacional e uma delegacia da polícia local.
O grupo ainda queimou carros e furtou móveis, computadores, uniformes policiais, armas e munição. Ao mesmo tempo, cerca de 250 lojas eram saqueadas, incluindo supermercados, padarias, lojas de roupas e adegas.
Duas pessoas morreram baleadas durante as manifestações. O estudante Yorman Alí Bervecia, 19, militante de um partido opositor, foi atingido no peito durante confronto com a Guarda Nacional e Jhon Alberto Quintero, 20, foi atingido na cabeça perto de uma loja onde ocorria um saque.
Mais dois manifestantes —Alfredo Carrizales e Adonis Pérez— morreram, mas as causas ainda são desconhecidas. Com isso, chegou a 53 o número de mortos nos mais de 50 dias da onda de protestos.
A tensão continuava no início da noite. Os acessos da cidade foram bloqueados e o hospital estava superlotado de feridos, principalmente por balas de borracha da polícia, bolas de gude dos manifestantes e armas brancas.
Os dirigentes da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática condenaram a violência em Barinas e acusaram a Guarda Nacional de não impedir os encapuzados e os saqueadores. O governo ainda não se pronunciou.
Houve confrontos entre manifestantes e as forças de segurança também em Caracas, onde os opositores se uniram aos profissionais de saúde para pedir a entrada de ajuda humanitária e o fim da crise nos hospitais.
FRONTEIRA
Enquanto ocorriam as manifestações, o governo de Nicolás Maduro abriu uma nova crise diplomática com a vizinha Colômbia, desta vez devido à presença de veículos blindados no posto de fronteira de Paraguachón.
A chanceler Delcy Rodríguez chamou o reforço na segurança de "uma provocação excepcional e inadmissível". "O equipamento militar que está lá não condiz com atividades para a luta contra o crime transnacional", disse.
Segundo Rodríguez, a medida faz parte "de uma provocação armada pelo Pentágono", aludindo à tese de Maduro de que ele é alvo de um golpe de Estado da oposição venezuelana em associação com os Estados Unidos.
O Ministério de Defesa da Colômbia informou em nota que os blindados estão perto de fronteira desde 2015, quando Maduro fechou a fronteira por quase um ano devido à suposta ação de paramilitares e contrabandistas.
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