Americano libertado pela Coreia do Norte não tem botulismo, diz médico
O estudante americano Otto Warmbier, libertado pela Coreia do Norte nesta semana, não tem sinais de botulismo e sofreu danos cerebrais graves, declarou Daniel Kanter, diretor médico da unidade de terapia intensiva em neurociência do Centro Médico da Universidade de Cincinnati.
Otto, 22, está em condição estável recebendo tratamento desde terça-feira (13), afirmou a porta-voz do hospital, Kelly Martin, em entrevista coletiva nesta quinta (15).
Kanter disse que Warmbier "tem abertura espontânea dos olhos". "No entanto, ele não mostra sinais de compreensão da linguagem, respondendo a comandos verbais ou consciência de seu entorno", acrescentou o médico que se recusou a discutir o diagnóstico a pedido da família.
Kyodo - 16.mar.2016/Reuters | ||
Otto Warmbier é levado à Suprema Corte da Coreia do Norte, em Pyongyang, em março de 2016 |
A entrevista foi realizada na escola em que o Otto cursou o colegial, na cidade de Wyoming, no Estado americano de Ohio.
Fred Warmbier, pai do estudante, disse em entrevista que seu filho foi "brutalizado e aterrorizado" pelo regime norte-coreano e não acreditava na história de que seu filho tinha caído em coma depois de contrair o botulismo e receber um comprimido para dormir.
"Sinto alívio que Otto está em casa agora nos braços de quem o ama e [sinto] raiva por saber que ele foi tratado tão brutalmente por tanto tempo", declarou.
Ele também refutou a versão das autoridades de Pyongyang, de que seu filho teria entrado em coma após contrair botulismo e tomar uma pílula sonífera. "Nós não acreditamos em nada que eles dizem", afirmou.
Otto foi preso na Coreia do Norte em janeiro de 2016 e condenado, em março daquele ano, a 15 anos de trabalho forçado por realizar "atos hostis". Em seu julgamento, o estudante confessou ter tentado roubar um cartaz de propaganda no país.
O regime norte-coreano disse nesta quinta-feira por meio da sua agência de notícias estatal KCNA que liberou o estudante "por razões humanitárias".
Segundo a agência de notícias Reuters, a liberação de Otto ocorreu após contatos diplomáticos secretos feitos por Joseph Yun, funcionário do Departamento de Estado.
Outros três americanos seguem detidos na Coreia do Norte, o que contribui com as tensões entre os dois países.
Os Estados Unidos acusam o regime norte-coreano de usar as detenções enquanto instrumento de chantagem. Por sua vez, Pyongyang acusa a Coreia do Sul e os Estados Unidos de enviar espiões para seu território.
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