Republicanos enfrentam desafios no Senado em relação à reforma da saúde
Líderes republicanos no Senado americano tentaram no domingo (25) angariar apoio a seu projeto de lei da saúde, enquanto a oposição à legislação crescia fora do Congresso e dois senadores republicanos questionavam se a proposta seria aprovada esta semana.
O presidente Donald Trump manifestou confiança nas chances de aprovação da lei, que revoga a essência do Obamacare, a lei de saúde acessível implementada pela administração anterior.
"A reforma da saúde é uma coisa muito, muito difícil de fazer", disse Trump no domingo no canal Fox News. "Mas acho que vamos fazer. Não temos muita escolha, pois a alternativa seria a carcaça morta do Obamacare."
Senadores e seus assessores passaram o fim de semana estudando o projeto de lei, redigindo possíveis emendas, preparando discursos e compilando relatos pessoais de pessoas que descreveram como beneficiárias ou vítimas do Obamacare.
O projeto de lei foi esboçado em segredo pelo líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, do Kentucky, que anunciou o conteúdo do projeto na quinta (22). Ele quer que a lei seja submetida votada no Senado ainda nesta semana, antes do recesso do feriado da Independência, em 4 de julho.
Kevin Lamarque - 23.mar.2017/Reuters | ||
Manifestantes em frente à Casa Branca exigem manutenção do Obamacare |
Os defensores do projeto de lei combatem uma grave ameaça interna: republicanos relutantes. O senador republicano Ron Johnson, do Wisconsin, disse no domingo: "De maneira alguma deveríamos votar" o projeto de lei nesta semana.
"Acho que os parlamentares do Wisconsin e eu mesmo dificilmente teremos tempo suficiente para avaliar o projeto corretamente para poder levá-lo adiante", disse Johnson no programa "Meet the Press", da rede NBC.
E a senadora republicana Susan Collins, do Maine, disse no programa "This Week", do canal ABC: "Acho que o projeto de lei dificilmente será aprovado esta semana, mas cabe ao líder da maioria definir o que vai acontecer. É bem possível que a gente vare uma ou duas noites."
Boa parte do setor de saúde do país, que movimenta US$ 3 trilhões por ano, é contra o novo projeto de lei. E Mitch McConnell fez pouco para cortejar os principais interessados na saúde, que foram procurados assiduamente por Barack Obama a partir de seus primeiros meses na Presidência, enquanto ele lutava pela legislação.
Hoje 51% dos americanos têm uma visão positiva da Obamacare, segundo pesquisa mensal de rastreamento da Fundação da Família Kaiser. "É a primeira vez em nossas 79 pesquisas de rastreamento, feitas ao longo de sete anos, que o percentual de americanos favoráveis ao Obamacare passa de 50%", comentou um representante da fundação.
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'Novo' Trumpcare
Senadores sugerem mudanças para suavizar projeto aprovado na Câmara
Como é hoje no Obamacare
- Todos os americanos devem ter um plano de saúde; quem não tem condições de pagar, pode receber subsídios do governo para isso
- Beneficia usuários de renda baixa e média através dos critérios renda, idade e localização geográfica
- Seguradoras não são autorizadas a cobrar mais ou negar cobertura de um usuário por condições pré-existentes
- Planos podem cobrar de usuários mais velhos até três vezes mais do que cobram dos mais novos
- Medicaid pode ser expandido pelos Estados gradualmente, com a ajuda de recursos federais
O que diz o texto aprovado pelos deputados
- Seguradoras poderiam cobrar sobretaxa de 30% de usuários que voltam ao plano após terem abandonado; medida busca incentivar que pessoas saudáveis continuem cobertas
- Beneficiaria os usuários usando apenas a idade como critério; usuários de regiões com custo de vida mais elevado não receberiam incentivo
- Seguradoras poderiam aumentar o valor de um plano baseadas nas condições pré-existentes do usuário
- Planos podem cobrar de usuários mais velhos até cinco vezes mais do que cobram dos mais novos
- Medicaid seria financiado por um repasse aos Estados baseado em quanto cada um gasta hoje; programa não poderia mais ser expandido a partir de 2018
O que propõem os senadores
- Eliminar o dispositivo que obriga o cidadão a ter um plano, sem proposta para incentivar a continuidade de cobertura de usuários sem doenças
- Manter os critérios de idade, renda e localização, mas apenas para um plano simples, voltado para pessoas com renda menor do que as hoje cobertas
- Recuam ao que estipula o Obamacare
- Planos podem cobrar de usuários mais velhos até cinco vezes mais do que cobram dos mais novos
- Novo modelo de financiamento do Medicaid começaria a ser aplicado apenas em 2021
Tradução de CLARA ALLAIN
Livraria da Folha
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Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis