Pivô de investigação contra o governo Trump, embaixador russo deixa posto

DE SÃO PAULO

O embaixador russo nos Estados Unidos, Sergey Kislyak, está deixando seu posto em Washington após nove anos e retornando a Moscou.

A mudança, segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, era esperada e foi planejada ainda no ano passado.

Kislyak, 66, tornou-se uma figura conhecida na política americana por ter tido papel central na maior controvérsia até o momento do governo Donald Trump.

Michael Flynn foi demitido do cargo de conselheiro de Segurança de Trump após a revelação de que ele havia discutido com o embaixador russo, antes mesmo de Trump tomar posse, sobre a possibilidade de levantar as sanções aplicadas pelos Estados Unidos contra Moscou.

Segundo o governo, o então conselheiro mentira ao vice-presidente, Mike Pence, sobre o conteúdo da conversa, escondendo que o tema tinha sido tratado.

Kislyak também foi pivô de uma polêmica envolvendo o secretário de Justiça dos EUA, Jeff Sessions. Em um depoimento no Senado no último dia 13, o secretário, que foi senador pelo Alabama por 20 anos antes de assumir o posto, foi questionado várias vezes pelos ex-colegas sobre seu contato com Kislyak durante um evento de campanha de Trump no Hotel Mayflower, em Washington, em abril de 2016.

Em 8 de junho, em uma sessão fechada do mesmo comitê do Senado, o ex-diretor do FBI James Comey revelou que Sessions e Kislyak tiveram uma conversa naquele dia ""o contato não havia sido informado pelo Departamento de Justiça, que confirmara apenas dois outros encontros em 2016.

Sessions primeiro afirmou que não teve nenhuma conversa privada naquele dia com o embaixador. Depois, disse que não se lembrava se eles teriam se falado em meio ao evento com "duas ou três dúzias de pessoas".

No início de março, Sessions anunciou que se afastaria da investigação do FBI sobre a Rússia, depois de o "Washington Post" revelar que ele havia se reunido por duas vezes com o embaixador.

Kislyak já havia chefiado a embaixada na Otan (aliança militar do Ocidente), além de ter sido vice-chanceler. Seu substituto será Anatoly Antonov, o atual vice-chanceler.

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