Novos incêndios florestais deixam ao menos 76 feridos em Portugal

GIULIANA MIRANDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

Dois meses depois do incêndio que matou 64 pessoas no centro do país, Portugal segue batendo recordes de incêndios florestais. Nesta quarta (16), 76 pessoas ficaram feridas, seis em estado grave, em mais um dia de queimadas por todo o país.

Mais de 3.500 bombeiros trabalharam no combate aos incêndios desta quarta, que novamente castigaram sobretudo a região central, embora haja focos em outras áreas.

Mesmo em Lisboa já era possível avistar, ao longe, a fumaça da floresta ardendo.

No último sábado, após a marca histórica de 268 incêndios em um dia, Portugal pediu ajuda ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Além de ter acesso a recursos financeiros, o governo português terá auxílio de bombeiros e equipamentos de outros estados-membros da União Europeia

POLÍTICA

Os incêndios florestais puseram fim a uma alongada lua-de-mel do primeiro-ministro, António Costa, com a imprensa e muitos partidos políticos. O socialista tem sido atacado pelas sucessivas falhas no combate e na prevenção aos incêndios.

Boa parte das críticas é direcionada ao sistema de tecnologia responsável pelo monitoramento dos incêndios em todo o país, o Siresp. Apesar de custar milhões de euros, a rede de comunicação tem apresentado defeitos.

O premiê criticou o uso político da tragédia, em um recado que pareceu direcionado ao líder da oposição, o ex-primeiro ministro de centro-direita Pedro Passos Coelho.

"Acho absolutamente lamentável que se tenha quebrado um consenso nacional que sempre existiu, que perante tragédias desta natureza não haja aproveitamentos políticos", disse Costa.

A relação entre o primeiro-ministro e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também parece ter azedado recentemente.

Antes da tragédia de Pedrógão Grande e do roubo de parte do arsenal de uma instalação do Exército, era comum que o presidente rasgasse elogios ao colega.

Nos últimos dois meses, tem havido um silêncio por parte do palácio de Belém.

Nem mesmo os bons resultados econômicos, como a diminuição para 8,8% no desemprego no primeiro trimestre, gerou uma manifestação por Rebelo de Sousa, que comumente elogiava o primeiro-ministro por muito menos.

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