Mais de 1 milhão de pessoas esperam decisão de asilo na UE, diz pesquisa

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Cerca de metade das 2,2 milhões de pessoas que pediram refúgio na Europa em 2015 e 2016, no pico da onda de refugiados, vivem no limbo, sem saber se terão seus pedidos aprovados.

Segundo estudo divulgado nesta quarta-feira (20) pelo Pew Research Center, cerca de 1,2 milhão de pessoas que haviam entrado com pedido de refúgio continuavam sem resposta sobre seus pedidos no fim de dezembro de 2016.

Dos 2,2 milhões de solicitantes, 885 mil tiveram o pedido aprovado, 75 mil não conseguiram asilo e voltaram para seus países de origem e 100 mil pessoas cujos pedidos foram negados têm paradeiro desconhecido, muitas das quais permanecem ilegalmente na Europa.

Todos os solicitantes de refúgio na União Europeia são obrigados a entrar com pedido de asilo no primeiro país onde entraram. O tempo de espera do processo varia de acordo com o país de origem do candidato a refúgio e com o país onde ele faz o pedido.

Enquanto os governos analisam as solicitações, os estrangeiros ficam morando em campos de refugiados, escolas ou hotéis adaptados, onde recebem comida e assistência médica, mas não têm permissão para trabalhar.

Quando o pedido é aprovado, o solicitante recebe uma autorização de residência e pode trabalhar no país.

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Cerca de 77% dos 310 mil afegãos que pediram asilo no período não haviam recebido resposta até o fim de 2016, assim como 67% dos 70 mil paquistaneses e 62% dos 215 mil iraquianos.

Já os sírios esperam muito menos tempo para terem seus pedidos de refúgio analisados —dos 650 mil que solicitaram, apenas 20% continuavam esperando.

Alguns países criaram um regime de fast track para os sírios, que fogem de uma guerra civil que começou em 2011 e já matou 500 mil pessoas. Na Alemanha, o processo levava três meses e, na Bélgica, um mês.

Os dados da pesquisa da Pew Research Center são da Eurostat, agência de estatísticas europeia, e abrangem os 28 países da União Europeia, Suíça e Noruega.

Os países com maior demora para analisar pedidos de refúgio são Hungria (94% dos solicitantes ainda não tinham recebido resposta) e Grécia (90%). Os mais rápidos são Itália, onde apenas 28% dos solicitantes ainda não haviam recebido resposta, Holanda, com 39% e Bélgica, 47%.

Muitos migrantes que tiveram seus pedidos negados permanecem na Europa, ilegais, ou recorrem da decisão.

Segundo estimativas da Pew Research, 100 mil pessoas que tiveram seu pedido de refúgio negado em 2015 e 2016, que representam menos de 5% do total, têm seu paradeiro desconhecido.

Acredita-se que esses 100 mil não tenham voltado para seus países, nem recorrido das decisões do processo de asilo, e estejam vivendo ilegalmente na Europa, sujeitos a deportação.

ROTAS

Durante a onda de refugiados, a maioria dos migrantes entrava na Europa pela Grécia ou pela Itália.

Mas o fluxo de refugiados entre a Turquia e a Grécia secou depois que a União Europeia fechou um acordo com o governo turco, em março de 2016. Segundo o acordo, para cada sírio devolvido pela Grécia à Turquia, o bloco se comprometia a receber um sírio que estivesse esperando pelo processo de refúgio na Turquia.

A rota do Mediterrâneo Central, entre a Líbia e a Itália, continuou bastante ativa em 2016. Foram mais de 180 mil migrantes e quase 5 mil morreram durante a travessia, uma das mais perigosas.

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