Presidente turco diz que plebiscito curdo pode resultar em guerra étnica

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira (26) que o projeto de independência dos curdos no Iraque pode resultar em uma "guerra étnica e religiosa".

Nesta segunda (25), milhões de curdos votaram no plebiscito sobre a independência do Curdistão iraquiano, uma região autônoma no norte do Iraque conhecida como Governo Regional do Curdistão (GRC), que inclui as províncias de Erbil, Solimaina e Duhok.

O resultado do plebiscito deve ser anunciado ainda nesta terça ou quarta-feira (27), mas autoridades esperam por um "sim" maciço, uma vez que as prévias indicam que mais de 90% votaram a favor da independência.

A votação foi estimulada pelo presidente da GRC, Massoud Barzani, que afirmou que o referendo não levará a uma declaração de independência imediata, mas que marcará o início de "discussões sérias" com Bagdá sobre o assunto.

"Barzani pode entrar para a história com a desonra de ter levado nossa região a uma guerra étnica e religiosa", afirmou Erdogan nesta terça em um discurso exibido na televisão.

Aproximadamente 72% dos eleitores, ou 3,3 milhões de pessoas participaram da votação, segundo o porta-voz da Comissão Eleitoral, Sherwan Zarar.

"O plebiscito, que foi tomado sem consulta, é uma traição", disse Erdogan. Ele repetiu ameaças sobre cortar o acesso ao oleoduto que transporta milhares de barris de petróleo por dia do norte do Iraque para mercados globais.

Segundo Erdogan, os curdos "ficariam famintos" se a Turquia impusesse sanções à região.

Diante da situação, o Parlamento de Bagdá votou uma resolução exigindo que o comandante em chefe do Exército iraquiano enviasse forças para todas as áreas controladas pelos curdos no país.

Também nesta terça, o governo do Iraque voltou a descartar qualquer negociação sobre uma possível separação de regiões do país controladas por curdos. Para Bagdá, a independência implicaria em perda de território e de parte da produção de petróleo do país.

"Não estamos dispostos a discutir ou dialogar sobre os resultados do referendo porque ele é inconstitucional", afirmou o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi.

O governo iraquiano é apoiado por países como Irã e Turquia, onde também há temor de movimentos curdos separatistas.

Aproximadamente 30 milhões de curdos estão espalhados por Turquia, Iraque, Síria e Irã, o que os caracteriza como o maior povo sem pátria do mundo.

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