Atentado duplo com caminhão-bomba mata mais de 230 na Somália

DE SÃO PAULO

Pelo menos 231 pessoas morreram após a explosão de dois caminhões-bomba, no sábado (14), em uma área movimentada de Mogadício, capital da Somália.

Os ataques, separados por um intervalo de algumas horas, deixaram também ao menos 300 feridos e destruíram dezenas de prédios e de veículos.

O primeiro, mais mortífero, aconteceu nos arredores de um conhecido hotel da cidade, em um perímetro com vários ministérios e embaixadas. O prédio da representação diplomática do Qatar foi severamente atingido.

"É difícil apontar um número preciso [de mortos] porque os corpos foram levados para hospitais diferentes e alguns foram retirados dos locais das explosões diretamente por seus familiares para serem enterrados", disse Ibrahim Mohamed, um chefe local de polícia. Para ele, trata-se do pior atentado que o país já sofreu.

O governo chamou o episódio de "desastre nacional".

Nenhum grupo reivindicou o ataque, mas o governo somali apontou como culpados os rebeldes do Al-Shabaab, ligado à Al-Qaeda.

Em sua luta contra a administração central, a facção executa com frequência ataques suicidas contra militares e alvos civis. Seu raio de ação se estende até o Quênia.

Expulsa de Mogadício há seis anos por tropas somalis e da União Africana, a milícia perdeu o controle dos principais centros urbanos do sul, mas continua dominando as zonas rurais.

DEMISSÕES

As explosões ocorreram dois dias depois de o chefe do comando norte-americano para a África se reunir com o presidente do país, Mohamed Abdullahi Farmaajo, e após os pedidos de demissão nebulosos do ministro da Defesa e do comandante do Exército somalis.

Farmaajo decretou três dias de luto nacional e pediu à população que doasse sangue para o tratamento dos feridos. Hospitais estão tendo dificuldade para tratar as centenas de feridos, muitos com queimaduras graves que impossibilitam sua identificação por familiares.

"O hospital está sobrecarregado. Nós recebemos pessoas que perderam membros na explosão. É realmente terrível, algo diferente de tudo que já vivemos", disse Mohamed Yusuf, diretor do hospital de Medina.
Zainab Sharif, mãe de duas crianças, perdeu o marido no atentado. Ele foi declarado morto no hospital depois de médicos tentarem tratar uma lesão em uma artéria. "Não há nada que eu possa dizer. Nós perdemos tudo."

Em nota, o Itamaraty condenou o ataque terrorista e transmitiu suas condolências às famílias das vítimas.

Com agências de notícias

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