Direita avança com eleição de partido conservador na Áustria
Dominic Ebenbichler/Reuters | ||
Líder do Partido Popular (ÖVP), Sebastian Kurz, participa de festa da vitória de sua sigla, em Viena |
A Áustria inclinou-se à direita nas eleições legislativas deste domingo (15) com a vitória do conservador ÖVP (Partido Popular). Seu líder, o jovem Sebastian Kurz, 31, deve ser o próximo premiê.
Sem votos o suficiente para governar sozinho, Kurz -apelidado "wunderwuzzi", ou "garoto-maravilha"- deve se unir à direita ultranacionalista em uma coalizão.
Com a grande maioria dos votos apurados no final da noite de domingo (15), a sigla vencia com 31,4% dos votos. O SPÖ (Partido Social Democrata), hoje no poder, aparecia com 26,7%.
O ultranacionalista de direita FPÖ (Partido da Liberdade) estava em terceiro lugar com 27,4%, acima das projeções.
O ultranacionalista de direita FPÖ (Partido da Liberdade) está em terceiro lugar, diz a projeção, com 26%.
ÖVP e SPÖ vinham governando juntos em uma grande coalizão, mas atritos entre ambos levaram à convocação destas eleições antecipadas. O pleito estava previsto para o ano que vem. Dessa maneira, será inevitável que
o vencedor Kurz se alie à direita populista do FPÖ para ter a maioria e poder governar.
O FPÖ foi fundado após o fim da Segunda Guerra (1939-1945) por Anton Reinthaller, que foi um membro da organização nazista SS.
Tanto ÖVP quanto FPÖ cresceram em relação às eleições de 2013, sinalizando os avanços da direita no país. O ÖVP havia tido 23,9% dos votos, e o FPÖ, 20,5%. O aumento está relacionado a suas campanhas centradas na aversão a migrantes e ao islã, mesma estratégia usada por ultranacionalistas de direita na França e Alemanha.
A Áustria, com 8,7 milhões de habitantes, serviu de passagem a quase 1 milhão de refugiados rumo à Alemanha em 2015 e acolheu o equivalente a 1% de sua população em migrantes. Isso desgastou a imagem do governo social-democrata do partido SPÖ.
Na França e na Alemanha, os partidos vencedores se recusaram a cogitar uma aliança com populistas. A chanceler conservadora alemã, Angela Merkel, disse claramente que não incluiria a AfD (Alternativa para a Alemanha) em sua coalizão.
Os grandes partidos não fizeram tal promessa na Áustria, e devem romper o tabu. Da última vez em que o FPÖ fez parte de um governo, em 2000, Israel e a União Europeia impuseram sanções diplomáticas como resposta.
"É nossa tarefa trabalhar com todos os outros por nosso país", Kurz, líder do vitorioso ÖVP, disse a militantes.
Já o chefe do populista FPÖ, Heinz-Christian Strache, preferiu não dar pistas de a quem vai se alinhar. "Tudo é possível", afirmou.
Kurz, o provável próximo premiê austríaco, é enxergado como um jovem ambicioso. Ele recebeu crédito por ter modernizado o partido tradicional.
Além de criticar a migração e o islã, fez campanha por menos impostos.
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