Carta mostra que Margaret Thatcher não gostava de pandas

DE SÃO PAULO

A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013) proibiu um urso panda de viajar a seu lado em um avião e considerava que o animal não trazia um "bom presságio" para os políticos.

Os detalhes do caso aparecem em correspondências de auxiliares do governo Thatcher (1979-1990) que foram divulgadas nesta sexta-feira (29) pelo Arquivo Nacional britânico.

O caso aconteceu em 1981, quando o Instituto Smithsonian, com sede em Washington, pediu ao zoológico de Londres que enviasse seu panda macho, Chia Chia, para os Estados Unidos. O animal chegou ao Reino Unido em 1974, dado de presente pela China para o então premiê Ted Heath, que depois se transformaria em um rival de Thatcher dentro do Partido Conservador.

A ideia era acasalar o animal com uma fêmea que os Estados Unidos receberam da China em 1972.

A proposta foi recebida com entusiasmo pelo presidente do zoológico londrino, o lorde Solly Zuckerman, para quem o acordo seria uma "demonstração da relação especial" entre Londres e Washington.

Zuckerman conversou com o secretário do gabinete de Thatcher, Robert Armstrong, que então escreveu uma carta para o secretário pessoal da primeira-ministra, Clive Whitmore, pedindo que ela fizesse o anúncio do acordo.

Ele sugeriu ainda que ela levasse o panda para Washington em seu avião particular, um Concorde, durante uma visita oficial para os Estados Unidos. Mas Thatcher não gostou do plano.

"Eu não irei levar um panda comigo", escreveu ela em resposta a seu secretário, sublinhando duas vezes a palavra "não". "Pandas e políticos não trazem um bom presságio. Lorde Z [Zuckerman] sabe muito mais de pandas do que eu. Tenho certeza que ele pode resolver essas coisas."

O acordo acabou não dando certo porque a fêmea americana era infértil.

Por isso, em setembro de 1982, um ano após o caso, Zuckerman e Armstrong tentaram convencer Thatcher a aceitar uma panda fêmea caso a China quisesse dar uma de presente para o Reino Unido.

Em uma carta feita pelo secretário para Thatcher, ele destaca a importância que um bebê panda daria ao zoológico londrino, que naquele momento passava por dificuldades financeiras e recebia ajuda do governo para fechar as contas.

Na carta, um auxiliar de Thather (que não foi identificado) anotou um recado para ela. "Primeira-ministra. Um pouco ultrapassado, mas sem dúvida você não olharia os dentes de um cavalo ou de um panda dado de presente, olharia?

"Sim, eu olharia. A história dos pandas é azarada", respondeu Thatcher na carta, dando fim a iniciativa.

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