Itamaraty considera desaparecido brasileiro que chavismo diz ter detido

BRUNO BOGHOSSIAN
DE BRASÍLIA

O Itamaraty considera desaparecido o brasileiro que o governo da Venezuela reivindica ter prendido por suposta ligação com "organização criminosa", informou o ministério nesta quinta (4).

O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou em 27 de dezembro que o gaúcho Jonatan Moisés Diniz, 31, foi capturado com três venezuelanos no Estado de Vargas, a norte de Caracas. Desde então, porém, o regime não comentou o caso.

Em nota, a Chancelaria brasileira afirmou que "procurou inúmeras vezes" as autoridades venezuelanas em busca de informações sobre o paradeiro do gaúcho.

"Até o momento, as autoridades policiais não responderam, apesar dos reiterados pedidos brasileiros, formalizados por notas diplomáticas. A embaixada venezuelana tampouco prestou qualquer esclarecimento."

Integrantes do governo brasileiro afirmaram à Folha que o encarregado de negócios da Venezuela em Brasília, Gerardo Delgado, alegou que não foi autorizado a dar informações sobre Diniz.

O Ministério das Relações Exteriores solicitou a Caracas que revele a localização do brasileiro e sua situação jurídica. O regime chavista não havia respondido até a publicação deste texto.

Diniz morava em Los Angeles e estava havia 20 dias na Venezuela. No mesmo período, pediu doações a seus seguidores nas redes sociais para comprar comida e brinquedos para crianças e moradores de rua.

As ofertas eram pedidas também em nome de uma organização chamada Time to Change the Earth, cuja única referência existente são páginas em redes sociais criadas em novembro pelo brasileiro.

Para Cabello, a suposta ONG procurava obter "financiamento" e "procurar detectar objetivos estratégicos". Também o acusou de trabalhar para a CIA baseando-se em sua residência nos EUA.

Como prova para incriminá-lo, apresentou bonés da suposta entidade e postagens a favor dos protestos contra Maduro, a maioria delas publicada entre maio e agosto, no auge das manifestações.

Na mesma época, Diniz morava em Caracas. Pela lei, estrangeiros podem ser expulsos se violarem a segurança da população, a ordem pública ou cometerem em delitos contra os direitos humanos.

A Constituição determina que eles não têm direitos políticos, o que poderia ser estendido também a protestos.

Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do informado anteriormente, Jonatan Moisés Diniz, o brasileiro preso na Venezuela, não é catarinense. Embora tenha crescido em Balneário Camboriú (SC), ele é gaúcho de Ijuí.
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