Após um ano de vitórias estratégicas importantes no cenário externo, Vladimir Putin terá em 2018 de se voltar para a Rússia. Nem tanto pela eleição presidencial que deverá ganhar facilmente em 18 de março, mas sim pela sinalização sobre sua sucessão.
Se vencer e completar um novo mandato de seis anos, Putin sairá do Kremlin em 2024, pouco antes de completar 72 anos, 25 deles no poder —incluindo aí suas duas passagens como premiê.
Pode parecer um horizonte distante, mas virou a obsessão nacional russa discutir cenários sobre o país sem o todo-poderoso presidente.
"É muito cedo para isso", contemporiza Alexei Kolesnikov, do Centro Carnegie de Moscou. Para ele, Putin quase certamente manterá uma forma de perpetuar seu poder. "Teremos talvez mais uns dez anos, semelhantes ao fim da ditadura de Francisco Franco na Espanha, com o país estagnado e grupos lutando entre si pela sucessão."
Putin já optou por saída alternativa quando, de 2008 a 2012, ocupou a cadeira de primeiro-ministro enquanto o atual premiê, Dmitri Medvedev, esquentava o trono como presidente tutelado.
Outros analistas, contudo, acreditam que a briga pela sucessão já está em curso.
"A saída de Medvedev, que é altamente impopular, será o sinal de largada para ver qual grupo estará favorecido", diz o cientista político Nikita Malinovski, consultor em São Petersburgo. Ele aposta naquele que é considerado um dos homens-fortes da corte putinista, Igor Setchin.
2000
Eleito presidente, amplia seu controle interno
2004
Reeleito como independente
2005-2007
Expande sua influência externa; em 2006, um espião desertor e uma jornalista crítica ao governo são mortos; é eleito "Pessoa do Ano" da revista "Time" em 2007; começa a surfar em altos preços de petróleo e gás
2008
Seu pupilo Dmitri Medvedev é eleito presidente, e aponta Putin primeiro-ministro; guerra na Geórgia, que se aproximou da Otan
2012
É eleito presidente indica Medvedev para premiê; protestos gigantes em Moscou contra sua posse; retoma eleições diretas para governos locais; início de sanções americanas específicas
2013
Se separa de Ludmila, com quem estava casado desde 1983 e tem duas filhas
2014
Após golpe derrubar governo pró-Moscou em Kiev, Putin reabsorve a Crimeia ao território russo; sanções ocidentais são ampliadas; queda do preço do petróleo agrava crise econômica
2015
Inicia a intervenção militar na Síria
2016
Início das investigações sobre interferência russa na eleição americana
2017
Megaprotestos na Rússia contra corrupção; encontra-se com Trump pela primeira vez; retalia as sanções americanas; anuncia vitória na Síria; amplia presença no Oriente Médio; anuncia que é candidato à reeleição
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