Putin busca sua terceira reeleição em uma Rússia em ebulição

Crédito: Pavel Golovkin - 7.dez.2017/AFP Visitantes observam quadros com retratos de Putin em exposição em museu de Moscou
Visitantes observam quadros com retratos de Putin em exposição em museu de Moscou

IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO

Após um ano de vitórias estratégicas importantes no cenário externo, Vladimir Putin terá em 2018 de se voltar para a Rússia. Nem tanto pela eleição presidencial que deverá ganhar facilmente em 18 de março, mas sim pela sinalização sobre sua sucessão.

Se vencer e completar um novo mandato de seis anos, Putin sairá do Kremlin em 2024, pouco antes de completar 72 anos, 25 deles no poder —incluindo aí suas duas passagens como premiê.

Pode parecer um horizonte distante, mas virou a obsessão nacional russa discutir cenários sobre o país sem o todo-poderoso presidente.

"É muito cedo para isso", contemporiza Alexei Kolesnikov, do Centro Carnegie de Moscou. Para ele, Putin quase certamente manterá uma forma de perpetuar seu poder. "Teremos talvez mais uns dez anos, semelhantes ao fim da ditadura de Francisco Franco na Espanha, com o país estagnado e grupos lutando entre si pela sucessão."

Putin já optou por saída alternativa quando, de 2008 a 2012, ocupou a cadeira de primeiro-ministro enquanto o atual premiê, Dmitri Medvedev, esquentava o trono como presidente tutelado.

Outros analistas, contudo, acreditam que a briga pela sucessão já está em curso.

"A saída de Medvedev, que é altamente impopular, será o sinal de largada para ver qual grupo estará favorecido", diz o cientista político Nikita Malinovski, consultor em São Petersburgo. Ele aposta naquele que é considerado um dos homens-fortes da corte putinista, Igor Setchin.

2000
Eleito presidente, amplia seu controle interno

2004
Reeleito como independente

2005-2007
Expande sua influência externa; em 2006, um espião desertor e uma jornalista crítica ao governo são mortos; é eleito "Pessoa do Ano" da revista "Time" em 2007; começa a surfar em altos preços de petróleo e gás

Crédito: Alexander Zemlianichenko - 30.dez.2007/EFE Vladimir Putin se encontra com o hoje primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, em 2007
Vladimir Putin se encontra com o hoje primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, em 2007

2008
Seu pupilo Dmitri Medvedev é eleito presidente, e aponta Putin primeiro-ministro; guerra na Geórgia, que se aproximou da Otan

2012
É eleito presidente indica Medvedev para premiê; protestos gigantes em Moscou contra sua posse; retoma eleições diretas para governos locais; início de sanções americanas específicas

Crédito: Alexei Druzhinin - 3.ago.2009/RIA Novosti/Reuters Vladimir Putin anda a cavalo na região de Tuva, no sul da Sibéria, em 2009
Vladimir Putin anda a cavalo na região de Tuva, no sul da Sibéria, em 2009

2013
Se separa de Ludmila, com quem estava casado desde 1983 e tem duas filhas

Crédito: Shamil Zhumatov - 21.mar.2014/Reuters Tanque do Exército russo passa por rua de Simferopol, capital da Crimeia, anexada em 2014
Tanque do Exército russo passa por rua de Simferopol, capital da Crimeia, anexada em 2014

2014
Após golpe derrubar governo pró-Moscou em Kiev, Putin reabsorve a Crimeia ao território russo; sanções ocidentais são ampliadas; queda do preço do petróleo agrava crise econômica

2015
Inicia a intervenção militar na Síria

2016
Início das investigações sobre interferência russa na eleição americana

2017
Megaprotestos na Rússia contra corrupção; encontra-se com Trump pela primeira vez; retalia as sanções americanas; anuncia vitória na Síria; amplia presença no Oriente Médio; anuncia que é candidato à reeleição

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