Papa ordena que Vaticano assuma controle de grupo católico no Peru

Crédito: Mariana Bazo-3.jan.2017/Reuters Pedestres passam por cartaz anunciando a visita do papa Francisco na Catedral de Lima, no Peru
Pedestres passam por cartaz anunciando a visita do papa Francisco na Catedral de Lima, no Peru

DA REUTERS

O papa Francisco ordenou que o Vaticano assuma o controle de uma sociedade católica de elite do Peru cujo fundador é acusado de abuso sexual e físico de crianças e de ex-membros.

A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (10), uma semana antes da primeira viagem do pontífice ao país e ao Chile.

O anúncio também ocorre em meio a críticas de que o papa Francisco não fez o suficiente contra o abuso sexual cometido no seio da Igreja Católica. A credibilidade de uma comissão que ele criou em 2014 ficou abalada depois que muitos membros saíram acusando o Vaticano de procrastinação.

O Vaticano informou que o papa apontou um administrador para assumir a Sodalitium Christianae Vitae (SCV), cujo fundador, o leigo Luis Figari, deve ir a julgamento por abuso sexual de menores neste ano. Ele nega as acusações. O bispo colombiano Londoño Buitrago irá administrar o SCV.

Um relatório interno do grupo concluiu no ano passado que Figari, criador da entidade em 1971 e seu diretor até 2010, e outros três altos ex-membros tinham abusado de 19 menores e 10 adultos. Os casos ocorreram entre os anos 1970 e 2000.

O relatório descreve Figari como um líder carismático, autoritário e messiânico que humilhava publicamente membros como parte de sua estratégia de controle.

Autoridades peruanas abriram uma investigação contra Figari em 2015 após a publicação de um livro sobre os supostos abusos assinado pelos repórteres investigativos Pao Ugaz e Pedro Salinas.

A nota do Vaticano afirmou que o papa estava seguindo a situação do grupo "com preocupação" por anos e decidiu por uma ação "após uma análise detalhada de toda a documentação".

A nota disse ainda que Francisco estava preocupado "com a gravidade da informação sobre o sistema interno, a formação [religiosa dos membros] e a administração econômica e financeira".

A ação do Vaticano sobre o SCV lembra aquela tomada em relação a outro grupo conservador, o Legionários de Cristo. Um administrador foi apontado para administrar o grupo depois de seu fundador, o padre mexicano Marcial Maciel Degollado, ter sido acusado de pedofilia e de ter uma família secreta.

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