Davos aprecia holofote por visita de Trump, apesar de protestos

Crédito: Arnd Wiegmann - 11.jan.2018/Reuters Hotel exibe bandeiras de países em Davos; cidade se prepara para receber o fórum
Hotel exibe bandeiras de países em Davos; cidade se prepara para receber o fórum

JOHN MILLER
DA REUTERS

A cidade suíça de Davos está acostumada a celebridades e pessoas com dinheiro, mas, mesmo assim, está apreciando o novo desafio imposto pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de participar neste mês do Fórum Econômico Mundial.

A visita de Trump a Davos para o encontro anual de líderes políticos e empresariais globais será a primeira de um presidente dos EUA no exercício do mandato desde a visita de Bill Clinton, em 2000.

Há, no entanto, algo de contraditório na participação do presidente americano, já que o Fórum Econômico Mundial é um porto de encontro de apoiadores da globalização que adotam os acordos de livre mercado que Trump criticou por diversas vezes, afirmando que são injustos para os EUA.

Parte de suas políticas, incluindo sua intenção de deixar o Acordo de Paris contra as mudanças climáticas e seu lema de "América em Primeiro Lugar", podem não ser bem vistas na Suíça, país que apoia o acordo climático global e cuja economia depende de comércio internacional.

Isso fez com que alguns analistas apontassem que o polarizador Trump pode reviver as violentas manifestações contra o fórum de Davos que aconteceram no início da década de 2000. Uma petição online lançada na quarta-feira (10), que afirma que Trump não será bem vindo na cidade, já recebeu mais de dez mil assinaturas.

Ainda assim, o tom em Davos nesta semana é otimista, com muitas pessoas confiantes de que um robusto esquema de segurança, com até 5.000 soldados e mil policiais, pode lidar com qualquer agitação em torno da presença do americano.

"Não fica melhor que isso", disse Ernst Wyrsch, que foi diretor do hotel onde Clinton ficou em sua visita ao Fórum Econômico Mundial e agora comanda a associação de hotéis da região. "Davos, por ao menos alguns dias, estará no centro do mundo".

Embora autoridades estrangeiras viajem todos os anos para Davos —a premiê britânica, Theresa May, e o presidente chinês, Xi Jinping, foram à cidade em 2017 faltam-lhes o poder de atração da mídia de um presidente americano, que coloca um holofote em uma comunidade dependente do turismo.

"Eu acho que não há algo como publicidade ruim", disse Linard Kinschi, morador que seguia para as trilhas de esqui da cidade, que fica 1.560 metros acima do nível do mar.

Embora autoridades americanas já estejam na Suíça preparando a chegada de Trump, detalhes sobre a viagem do presidente, como onde ele irá se hospedar durante o evento de 23 a 26 de janeiro, ainda estão sendo ajustados.

Trump deve levar em sua delegação os secretários do Tesouro, Steve Mnuchin, o de Estado, Rex Tillerson e o do Comércio, Wilbur Ross, além de seu genro e assessor, Jared Kushner.

É possível que o grupo fique na cidade por apenas um dia, apenas para o discurso do presidente.

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