Polícia da Dinamarca estuda acusar 1.004 por postar pornografia infantil

DIOGO BERCITO
DE MADRI

A polícia dinamarquesa estuda acusar 1.004 pessoas por compartilhar pornografia infantil via Facebook, no maior caso desse tipo no país.

As autoridades detalharam as investigações na segunda-feira (15) afirmando que dois vídeos foram enviados por meio da plataforma de mensagens da rede social. As gravações, uma com 50 segundos e outra com nove, mostram jovens de 15 anos em relações sexuais. Pode haver mais acusados.

Crédito: Dado Ruvic - 14.ago.13/Reuters
Homem usa aplicativo do Facebook no smartphone

O sexo consentido entre jovens de 15 anos não é um crime na Dinamarca, mas distribuir pornografia de menores de idade, sim. A garota envolvida no ato sexual disse que não deu seu consentimento para que o vídeo fosse gravado.

As imagens foram registradas por amigos do casal durante uma festa. O material circulou na internet entre 2015 e 2017.

Após receber a denúncia, o Facebook acionou as autoridades americanas. O caso passou em seguida à polícia europeia, que então notificou as forças dinamarquesas.

A maior parte dos investigados tem menos de 25 anos. Eles foram identificados por meio de redes sociais e de seus endereços virtuais. No caso dos menores que compartilharam os vídeos, incluindo aqueles de 15 anos, os pais foram notificados.

As defesas argumentam que, ao receber e repassar os vídeos via Facebook, era impossível saber que eles eram protagonizados por menores de idade.

Por outro lado, a Dinamarca vinha discutindo nos últimos anos as implicações de distribuir pornografia sem o consentimento dos envolvidos. As autoridades, portanto, devem argumentar que os responsáveis —ainda que jovens— estavam cientes de que haveria consequências para suas ações.

"Temos a impressão de que os jovens estão cientes das consequências de distribuir imagens desse tipo", afirmou o policial Flemming Kjaerside em uma nota à imprensa.

"Esse foi um caso bastante extenso e complexo que nos tomou bastante tempo para investigar, especialmente diante do alto número de pessoas acusadas", afirmou o investigador Lau Thygesen em um comunicado oficial.
A Justiça ainda precisa decidir se levará o caso a julgamento após as investigações policiais, informa o jornal americano "New York Times".

Mesmo se forem condenados, os jovens não devem ser detidos. Ainda assim, terão o registro em suas fichas criminais por dez anos, impossibilitando que ocupem cargos na polícia, por exemplo. Eles tampouco poderão exercer uma série de trabalhos que envolvam o trato com crianças.

Há casos semelhantes em outros países. Nos Estados Unidos, três estudantes foram detidos em 2016 e acusados de circular imagens explícitas de colegas. Em outra situação, jovens foram acusados de compartilhar os seus próprios vídeos íntimos e fotografias.

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