Acordo no Senado pode acabar com paralisação do governo dos EUA

Crédito: Xinhua/Yin Bogu
Arquivo Nacional em Washington avisa de fechamento devido à paralisação do governo federal

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

Um acordo obtido entre democratas e republicanos nesta segunda (22) tornou mais próximo o fim da paralisação do governo dos Estados Unidos.

A administração do presidente Donald Trump está paralisada desde sábado (20), por não ter aprovado a lei orçamentária anual e, assim, não conseguir efetuar despesas. Em inglês, a situação é chamada de "shutdown".

Em uma solução temporária, senadores aprovaram, por volta das 16h de Brasília desta segunda (22), uma lei que autoriza o governo a fazer novas despesas até o dia 8 de fevereiro.

Até lá, os congressistas irão negociar uma solução para jovens imigrantes, os "dreamers", que chegaram ao país quando crianças e estão atualmente sem status legal nos EUA. Eles eram protegidos por um programa do governo de Barack Obama, o Daca, que foi revogado por Trump em setembro.

Este é o principal impasse entre democratas e republicanos. Os democratas exigem que uma solução seja negociada pelo governo Trump, que tem endurecido as políticas imigratórias do país.

A proposta ainda precisa passar por votação na Câmara —onde os republicanos têm maioria. No Senado, onde as negociações eram mais acirradas, o acordo foi aprovado por 81 votos a 18 nesta segunda (22).

Caso a proposta seja aprovada pela Câmara, órgãos federais que estão fechados voltam a operar normalmente. A paralisação não chegou a afetar, pelo menos por enquanto, os serviços de emissão de visto a estrangeiros nos consulados no exterior.

IMIGRAÇÃO

Trump comemorou o fato de os democratas terem "caído em si" e feito o acordo.

O presidente, que não participou das negociações neste fim de semana, acusou os democratas de "brincar de política da paralisação", e disse que eles preteriam os serviços e a segurança de cidadãos americanos em favor de imigrantes estrangeiros.

"O grande presidente negociador colocou-se de lado", criticou o senador Chuck Schumer, líder democrata, durante a votação desta segunda (22). Ele disse, porém, que está confiante em um acordo bipartidário com os republicanos para resolver a situação dos "dreamers".

Cerca de 800 mil jovens imigrantes aguardam as negociações com expectativa. O status legal deles, que eram beneficiados pelo Daca, se encerra em março de 2018.

A partir daí, eles se tornam ilegais nos EUA e estarão sujeitos à deportação -o que a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, deixou claro que poderá acontecer caso o Congresso não chegue a um acordo.

"O presidente cumpre a lei. É papel do Congresso aprovar e criar as leis", afirmou.

Não se sabe se Trump voltará à mesa de negociações com os congressistas. Nos últimos dias, o presidente foi duramente criticado por ter afirmado, durante uma negociação, que imigrantes da África e do Haiti vinham de "países de merda". Ele negou que tenha usado a expressão.

Antes, afirmara publicamente que queria uma "lei de amor" para resolver a situação dos "dreamers".

Em nota, Trump informou que só firmará o acordo em relação aos imigrantes "se, e apenas se, for bom para o nosso país". Sua prioridade número um, segundo a Casa Branca, é garantir a segurança do país e o financiamento das forças militares.

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