Documento mostra que 'brexit' pode derrubar renda britânica em até 8%

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DIOGO BERCITO
DE MADRI

Um documento interno do governo britânico vazado nesta terça-feira (30) sugere que deixar a União Europeia (um processo conhecido como "brexit" ) terá um impacto negativo à economia do Reino Unido em todos os cenários previstos.

O estudo constrange o gabinete da primeira-ministra, Theresa May, que já passa por um momento delicado. Seu ministro de "brexit", David Davis, havia negado anteriormente que o governo tivesse qualquer análise do impacto de sua saída da UE, recusando-se a compartilhar as estimativas com o Parlamento. O documento, divulgado pelo site

Buzzfeed, já havia sido apresentado em sigilo a alguns ministros, proibidos de deixar a sala de reuniões com os papéis em mãos. O governo não comentou o vazamento.

O estudo diz que a renda nacional será 8% mais baixa nos próximos 15 anos caso o Reino Unido decida deixar a União Europeia sem nenhum acordo. Se houver um acordo comercial com o bloco, a diminuição será de 5%.

Mesmo se o país continuar no mercado comum europeu, a renda diminuirá, caindo ao menos 2%. Esses três cenários levam em conta que o Reino Unido terá um acordo comercial com os EUA, por enquanto não garantido.

Segundo a análise vazada, os setores mais afetados serão as indústrias química, têxtil, alimentícia e automobilística, com as maiores quedas registradas no nordeste e na Irlanda do Norte.

"Por meses, o governo de Theresa May se recusou a entregar qualquer análise detalhada do impacto em potencial de diversos cenários do 'brexit'. Agora sabemos por que eles se dedicaram com tanto desespero a esconder isso", disse a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, após a divulgação desse relatório.

"Não surpreende que o governo tenha repetidas vezes se negado a publicar qualquer análise séria sobre o 'brexit', pois seu próprio estudo de impacto mostra o que é óbvio há muito tempo: que seu plano desajeitado para abandonar o mercado único e a união alfandegária nos deixa em uma situação muito pior do que antes", afirmou o parlamentar trabalhista Chris Leslie.

Esse não é o primeiro relatório do "brexit" vazado. Em novembro passado, por exemplo, papéis da UE foram divulgados, revelando detalhes de sua estratégia à negociação.

MESA

O governo britânico tem se recusado a publicar esse tipo de análise de impacto do "brexit" a partir do argumento de que as cartas em aberto prejudicam a negociação do Reino Unido com a União Europeia. Nessas tratativas, por ora a primeira-ministra May foi a principal derrotada, obrigada a ceder em diversos pontos. Ela teve, por exemplo, de se comprometer a não erguer um controle fronteiriço entre o território britânico da Irlanda do Norte e a Irlanda, um país-membro da UE.

O vazamento do estudo também lhe prejudica porque deixa evidente que, apesar de todos os cenários serem negativos à economia no médio prazo, o melhor deles é permanecer no mercado comum europeu, que congrega 500 milhões de consumidores. May e seus negociadores são contra essa alternativa.

O "brexit" foi decidido em um plebiscito em junho de 2016, fomentado pela aversão à entrada de migrantes e pela ideia de que Londres tinha de retomar o controle de sua política – algumas prerrogativas dos países-membros da União Europeia são transferidas a Bruxelas, um dos centros burocráticos do bloco.

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