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Governo Trump

Trump capricha no patriotismo e fala lembra autoajuda de Obama

Presidente americano  versão normal deve aumentar sua popularidade

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São Paulo

O presidente Donald Trump resistiu a suas habituais diatribes e exortou os legisladores a se unirem em torno de um "novo momento americano" em seu Discurso sobre o Estado da União, na terça-feira (30) à noite.

No discurso, Trump pregou conciliação e caprichou no patriotismo, ecoando Ronald Reagan. O republicano tocou em todos os pontos esperados: a economia pujante, o corte de impostos, a reforma da imigração, o plano de investimento em infraestrutura, a nova assertividade americana no cenário internacional.

Para alívio de seus assessores, o presidente se ateve ao teleprompter e manteve o chamado "tom presidencial", sem referências a botões nucleares maiores ou mãos pequenas de rivais.

Acostumado com os holofotes, Trump foi surpreendentemente generoso ao destacar seus convidados, que foram escolhidos a dedo para passar mensagens específicas - um militar cego e com as duas pernas amputadas que se realistou, um casal que adotou um bebê cujos pais eram viciados em opiáceos, um metalúrgico que usaria a economia resultante do corte de impostos na educação dos filhos.

"Nesta noite, estendo a mãos para trabalhar com membros dos dois partidos, democratas e republicanos, para proteger nossos cidadãos de todas as origens, raças, religiões e crenças".

Desde que não sejam imigrantes, claro. Trump aproveitou a presença de dois casais que tinham perdido as filhas para a violência da gangue MS-13, originária de El Salvador, para criminalizar os imigrantes, sejam eles "estupradores" vindos do México ou pessoas que "roubam" empregos dos cidadãos americanos.

"Muitos dos membros dessas gangues se aproveitam das lacunas em nossas leis para entrar em nosso país ilegalmente como menores desacompanhados".

Não há indícios de criminalidade maior entre as crianças que migram para os EUA desacompanhadas. Aliás, a criminalidade é maior entre cidadãos americanos do que entre imigrantes.

Legisladores democratas, alvos frequentes de provocações de Trump, observavam impassíveis enquanto o presidente americano desfiava uma lista de indicadores econômicos positivos - com especial menção à redução do desemprego entre negros e mulheres, uma alfinetada sutil em seu antecessor, Barack Obama. Republicanos vibravam.

Na política externa, ele manteve o tom belicoso, mas sem se exceder - esbravejou contra a Coreia do Norte e o Irã, vociferou contra acordos comerciais injustos, e foi bem menos crítico em relação à Rússia. Aliás, não mencionou a investigação do promotor especial Robert Muller sobre a interferência do governo russo na eleição presidencial americana e suposto conluio com a campanha de Trump - uma grande sobra sobre seu governo.
No geral, o tom era de encorajamento. Bem diferente do discurso sombrio que Trump fez em sua posse, em 20 de janeiro de 2017, que teria levado o ex-presidente George W Bush a comentar : "That was some weird shit (esse negócio foi bem esquisito)".

"Este é um novo momento americano. Nunca houve uma época melhor para se começar a viver o sonho americano. Todos os cidadãos assistindo em casa, não importa onde vocês estiveram ou de onde vieram, este é seu momento. Se você trabalhar duro, se acreditar em você mesmo, se acreditar na América, você pode sonhar com qualquer coisa e ser qualquer coisa."

Lembrou até a auto-ajuda edificante de Barack Obama. Mas, de novo, em se falando de Trump, toda a paz e o amor pode se autodestruir imediatamente com um simples tuíte. E geralmente, é isso que acontece.

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